Maioria dos arguidos em silêncio no início de julgamento de tráfico em Coimbra

Só 4 dos 16 arguidos presentes em tribunal falaram no julgamento para negar a versão da acusação. Um dos principais suspeitos está em prisão preventiva.

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Um jovem de Leiria, acusado de branqueamento, sublinhou no tribunal que parte do dinheiro encontrado em sua casa era para ser utilizado para “pagar um lugar” numa feira anual em Torres Vedras Rui Gaudêncio

A maioria dos 18 arguidos envolvidos num processo de tráfico de droga e branqueamento optaram pelo silêncio no início do julgamento, nesta segunda-feira, no Tribunal de Coimbra.

A maioria dos 18 arguidos são da Figueira da Foz, sendo que dez estão acusados da prática do crime de tráfico de estupefacientes, seis de branqueamento e dois são suspeitos da prática desses dois crimes, bem como de detenção de arma proibida, fraude sobre mercadorias e crime de venda, circulação ou ocultação de produto contrafeito.

Dos 18 arguidos, estiveram 16 presentes nesta sexta-feira no Tribunal de Coimbra, sendo que um dos suspeitos está a residir no Luxemburgo e outro não prestou termo de identidade e residência (o processo foi separado, face à não comparência no início do julgamento de hoje). Ao todo, o Ministério Público (MP) envolve no processo sete mulheres e 11 homens, residentes na Figueira da Foz, Leiria, Condeixa-a-Nova, Coimbra e Lavos.

Na acusação a que a agência Lusa teve acesso, o MP afirma que, desde 2012 e até meados de 2015, dois dos arguidos dedicaram-se, "de forma continuada, à compra e posterior venda de produtos estupefacientes, heroína e cocaína, e menos frequentemente canábis, a diversos consumidores e revendedores, sendo que, para o efeito, eram apoiados por familiares e colaboradores”, sendo que alguns vendiam, transportavam e guardavam os produtos e outros ocultavam “bens e valores provenientes desse negócio ilícito".

Segundo o MP, os arguidos não terão declarado "às Finanças quaisquer rendimentos que justifiquem a posse e aquisição do património que exibem, sendo que, na verdade, não exercem qualquer actividade profissional e a alegada venda ambulante" é "residual e mera fachada para dissimular a actividade ilícita que desenvolvem e de que vivem".

Ao longo do processo e nas buscas efetuadas, foram encontrados estupefacientes, bem como roupa com símbolos e inscrição de marcas como Lacoste, Ralph Lauren, Gant, Adidas ou Nike.

Os dois principais arguidos e a companheira de um destes optaram por não falar no início do julgamento, sendo que, dos 16 ouvidos de manhã, apenas quatro falaram, recusando a versão dos factos apresentada na acusação.

A mãe de um dos principais suspeitos, acusada de tráfico, contrariou o MP, alegando que estava de relações cortadas com o seu filho e que a heroína e cocaína encontradas em sua casa eram guardadas pela arguida a troco de 50 euros por semana pagos por "uma pessoa" que não quis identificar. A arguida disse que nunca vendeu droga a ninguém.

Um jovem de Leiria, acusado de branqueamento, sublinhou no tribunal que o ouro encontrado na sua residência, no valor total de 48 mil euros, era da sua família, e que parte do dinheiro encontrado era para ser utilizado para "pagar um lugar" numa feira anual em Torres Vedras.

Já um dos suspeitos de tráfico afirmou que nas suas declarações ao Ministério Público (em que envolve um dos principais arguidos no tráfico de droga) não disse a verdade, imputando a si próprio e a outro homem a compra de um quilo de haxixe na Quinta do Mocho, em Sacavém.

No final da sessão da manhã, um jovem de Condeixa-a-Nova admitiu que entregou cinco quilos de haxixe a um dos arguidos, mas referiu que "não era traficante" e que normalmente só comprava para consumo.

Um dos principais suspeitos encontra-se preso preventivamente e uma arguida aguarda julgamento com pulseira electrónica.

No âmbito do processo, corre ainda um pedido de perda ampliada de bens a favor do Estado no valor de cerca de 306 mil euros, relativo a seis arguidos.

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