Ambiente

Dez caminhos para uma vida com menos desperdício

Apesar de Portugal estar a falhar alguns compromissos internacionais em termos de produção de resíduos e respectiva reciclagem há pelo país muitas iniciativas a tentar mudar a forma como nos relacionamos com os desperdícios. Ficam aqui dez exemplos - que, sinal dos tempos, podiam ser 20, 30, e mais ainda - de como é possível eliminar a palavra lixo das nossas vidas.

Reduzir

Dose Certa nos restaurantes

Há mais de uma década, a Lipor, empresa que gere os resíduos urbanos de oito concelhos do Grande Porto iniciou um projecto de redução do desperdício alimentar na restauração, convencendo dezenas de estabelecimentos da região a olhar com mais atenção para a quantidade de comida servida, no momento do empratamento. Menos sobras significam menos 30 a 35% de desperdícios a acabar num balde do lixo e, não menos importante, uma poupança económica. Do mesmo projecto nasceu o “embrulha”, para os casos em que o serviço é feito em travessas, e que permite aos clientes levarem as sobras para casa, em embalagens biodegradáveis.

Refood para quem precisa

O Refood tem uma filosofia semelhante ao Dose Certa - procura atacar o desperdício alimentar na restauração - mas com um cunho social evidente e uma abrangência que rapidamente se alastrou a todo o país, graças ao envolvimento de milhares de voluntários que fazem a recolha de comida nos restaurantes e outros estabelecimento de venda de comida e a respectiva distribuição a quem dela precisa, numa autêntica ponte entre o excesso e a necessidade. Tem também um impacto muito importante na criação de um espírito de comunidade nos locais onde está implantado.

Por um Portugal com Lixo Zero

Inspirado no Movimento Zero Waste Home, de Bea Johnson, autora do best seller Desperdício Zero – Simplifique a sua vida reduzindo o desperdício em casa (ed. Presença), por cá existe o movimento Lixo Zero Portugal, dinamizado por Ana Milhazes, ou Ana Go Slowly, na sua pele de blogger dedicada a um quotidiano mais sustentável. O movimento faz uso das redes sociais para agrupar gente interessada em “produzir” menos lixo e organiza eventos de formação para pôr cada vez mais pessoas a alcançar esse objectivo.

Reutilizar

Puxar pela Economia Circular

Portugal tem um Plano de Acção para a Economia Circular, e, no terreno, há quem já tenha posto pés ao caminho para pôr em prática esse conceito essencial para diminuir a voracidade com que a humanidade extrai recursos do planeta. A associação Circular Economy Portugal, liderada por Lindsey Wuisan, é um plataforma que fomenta, através de consultoria, a criação de projectos que ajudem a prolongar o ciclo de vida dos produtos que usamos quotidianamente, desde roupa a máquinas.

Não deite fora, repare

A economia circular vai, espera-se, dar um novo alento aos pequenos negócios de reparação (de móveis, de electrodomésticos, de roupa). Mas o que os eventos Repair Café têm de diferente é o facto de se posicionarem como um momento de partilha de conhecimento entre quem sabe reparar, um voluntário, e quem tem algo avariado, fomentando assim que, no futuro, pequenas reparações possam ser feitas em casa. Começou em Lisboa, está já no Porto, e, tal como o Refood, incrementa, pela fórmula escolhida, sentimentos de pertença e de boa vizinhança.

Roupa usada, porque sim

Há anos que se comercializa roupa usada. Mas o conceito ganhou nova visibilidade quando se começou perceber melhor que, todos os ano, só em Portugal, há 200 mil toneladas de têxteis atirados ao lixo. Se não se sente à vontade para comprar o que outros usaram, novos conceitos como o praticado no RE:Costura, que põe designers a ajudar a dar nova vida a roupa “fora de moda”, podem ser uma alternativa para um mesmo objectivo.

Reciclar

A revolução das minhocas

Em meio urbano, num apartamento, com a ajuda de minhocas (vermicompostagem) ou num jardim, com o apoio de muitos seres vivos, fazer compostagem é uma forma eficaz de reduzir a quantidade avassaladora de resíduos com origem biológica que produzimos e o projecto A Revolução das Minhocas está aí para ajudar quem não sabe como fazer. Até 2023, os Sistemas de Gestão de Resíduos, que também têm projectos de incentivo à compostagem, vão ser obrigados a recolher, selectivamente, a fracção orgânica do nosso lixo doméstico, mas isso não nos impede de continuar a fazer fertilizante com as nossas próprias mãos.

Calçado com lixo dentro

O plástico - ai esse maldito - anda pelas bocas do mundo. Apesar de ser um material extremamente útil, e que vamos continuar a usar, de muitas formas, já se percebeu que o seu descarte, sem reciclagem, é uma fonte tremenda de poluição. As soluções encontradas pelos fundadores a Ircycle e da Zouri, que produzem, respectivamente, sapatilhas e sandálias a partir de lixo encontrado no mar ou nas praias, são um óptimo de exemplo de como um problema se pode tornar num recurso

WasteApp, um guia de bolso

Bom. Para nos ajudar a reciclar o melhor possível, a associação ambientalista Quercus desenvolveu uma aplicação para telemóvel, a WasteApp, para melhorar essa proporção ridícula entre os 1,32 quilos de resíduos que produzimos diariamente e as 200 gramas deles que acabam nos contentores coloridos e noutros pontos de deposição que não os do lixo indiferenciado. A Wasteapp ajuda a encontrar o lugar certo para deitar fora o que não cabe no ecoponto tradicional. É uma ferramenta importante para trazer no bolso, e para a ter basta descarregá-la, gratuitamente, nas lojas virtuais da Apple ou da Google.