Concurso de vídeo escolar

Sonhar, realizar e iluminar tempos sombrios. Inscrições até 15 de setembro

Esta é a 14.ª edição do concurso promovido pelo clube de cinema 8 e meio, da Escola Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim. “Agorafobia”, sobre um medo que pode ser impeditivo de sair de casa, venceu em 2019.

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Podem concorrer com o número de filmes que quiserem, precisam é de entregá-los até ao dia 15 de setembro. A pandemia não travou o Concurso de Vídeo Escolar 8 e Meio (8emeio.net), para alunos do ensino secundário. Projeto do clube de cinema da Escola Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim, aceita filmes inéditos, de tema livre e com uma duração máxima de oito minutos e meio. O primeiro prémio tem o valor de 600 euros, o segundo 400, o terceiro 200. O melhor filme da escola organizadora recebe 150 euros.

Era fevereiro, decorriam ainda os dias com normalidade, quando o grupo se apresentou no Parque da Cidade da Póvoa de Varzim para a produção do material que iria promover a 14.ª edição do concurso. Como sempre, caprichava-se nesta etapa. O cartaz “recuperou, à semelhança dos anos anteriores, um filme icónico da História do Cinema, com o propósito da composição de uma imagem gráfica apelativa”, sintetiza o professor Luís Nogueira, coordenador do clube de cinema 8 e meio. “Desta vez, os alunos figurantes deram corpo à mais emblemática cena de Jules et Jim (1962), um dos filmes centrais de François Truffaut.”

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Até aqui, tudo como nos anos anteriores. A partir daí... Quarentena, escolas fechadas, aulas à distância. Houve que tomar decisões; na secundária da Póvoa de Varzim, o que fazer com o concurso era uma delas. “Após uma cuidadosa análise dos cenários, concluímos pela utilidade de continuar a disponibilizar um espaço de criação aos jovens estudantes portugueses”, explica o diretor da escola, José Eduardo Lemos, no texto de apresentação da iniciativa. Espaço esse que o confinamento que os jovens tiveram de enfrentar terá tornado ainda mais pertinente, defende.

Numa resposta enviada ao PÚBLICO na Escola, também Rui Nogueira alude ao contexto singular dos meses recentes, enunciando desta forma o desafio que se coloca aos participantes em 2020: “Fica lançado o repto para que os alunos criem filmes, iluminando, com o seu entusiasmo, estes tempos sombrios que vivemos.”

"O que amedronta mais do que doenças mentais?”

Noutros tempos (a expressão aplica-se com legitimidade a 2019), foi um filme sobre o medo patológico que pode ser impeditivo de sair de casa e enfrentar espaços públicos que venceu o Concurso 8 e Meio: Agorafobia, de Alice Sequeira, aluna do Instituto das Artes e da Imagem, em Vila Nova de Gaia (no 11.º ano na altura em que concorreu).

Porquê este tema? A explicação, numa conversa com o PÚBLICO na Escola antes da pandemia: “Eu queria fazer algo de terror e queria fazer algo que marcasse um pouco. Pensei: o que é que amedronta mais do que doenças mentais? Fiz uma pesquisa de algumas dessas doenças e a que me chamou mais a atenção foi esta.” Alice escolheu então “retratar uma pessoa que tivesse agorafobia, uma doença em que as pessoas ficam presas em casa e não conseguem sair nem ter contacto com o exterior”.

A participação no concurso foi uma estreia para esta estudante cujos planos passam por seguir Ilustração ou Animação 2D. Com “muita facilidade em escrever”, decidiu “aventurar-se” a contar uma história de outra maneira, através de um filme. Uma outra estreia bem-sucedida.