Perguntas e Respostas

Como identificar e combater as “fake news”? Cinco perguntas, cinco respostas

Nos Estados Unidos e no Brasil, as “fake news” tornaram-se armas políticas. Em Portugal, as autoridades já estão atentas.

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Pablo Blasberg/Getty Images

O fenómeno das “fake news ou manipulação ganhou relevo com as eleições nos EUA e a alegada influência russa na vitória de Donald Trump ou ainda no referendo ao “Brexit”.

O Parlamento Europeu quer tentar travar estes fenómenos nas eleições europeias de 2019 e, a 25 de Outubro, aprovou uma resolução na qual defende medidas para reforçar a protecção dos dados pessoais nas redes sociais e combater a manipulação das eleições, após o escândalo do abuso de dados pessoais de milhões de cidadãos europeus.

O que são “fake news”?

Na tradução literal do inglês significa “notícias falsas”, embora esta definição, para os jornalistas, seja uma contradição: se for mentira ou falsificada (outro significado de “fake”), não é notícia. Em alternativa, pode também dizer-se “informações falsificadas”, conceito que remete para manipulação.

Os franceses, por exemplo, optaram pelo termo “infox” (amálgama de informação e intoxicação), lê-se numa entrada do Ciberdúvidas, site do jornalista José Mário Costa, que tem um consultório e é um espaço de debate e esclarecimento sobre a Língua Portuguesa.

Qual a diferença entre “fake news” e notícias erradas? 

As notícias erradas são resultado de um erro ou uma inexactidão não intencional da parte de um jornalista, enquanto as “fake news” são informações falsificadas com fins políticos, económicos ou outros.

Como se propagam?

Através das redes sociais, Twitter, Facebook ou por aplicações mais fechadas como o Whatsapp. Há sites dedicados a notícias falsas, sediados em países europeus, mas com o IP registado no Texas, por exemplo, de onde partiram centenas de “notícias” manipuladas. Em alguns casos, esses sites têm uma aparência e siglas idênticas aos dos media reais.

Como se conseguem identificar as “fake news”?

O Facebook tem uma espécie de guia, em dez passos, que ajuda a identificar notícias falsas durante um período eleitoral. Os conselhos passam por desconfiar de manchetes muito apelativas, verificar a fonte da suposta notícia ou por procurar reportagens sobre o mesmo tema e culmina com o apelo para o leitor pensar “de forma crítica” o que se lê, seja em sites ou nas redes sociais.

Há vários sites que se dedicam a verificar a informação, entre eles o Bellingcat, o CrowdTangle ou o FactCheck.org, para a política americana, ou ainda a agência Lupa, no Brasil. Em Portugal, foi anunciado na semana passada, durante a cimeira de tecnologia Web Summit, um “site” português para o efeito, o Polígrafo.

O que está a ser feito para combater o fenómeno? 

Na sequência do escândalo da Cambridge Analytica, que utilizou uma aplicação para recolher dados de milhares de utilizadores do Facebook, o Reino Unido multou a empresa fundada por Mark Zuckerberg em 500 mil libras (560 mil euros), trazendo o problema da manipulação para a agenda política e mediática.

Na Europa, foram anunciadas, nos últimos meses, uma série de iniciativas. A 25 de Outubro, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução em que apela aos Estados-membros da União Europeia (UE) a “adaptarem as regras eleitorais às campanhas online, como as regras relativas à transparência sobre o financiamento, os períodos de reflexão, o papel dos meios de comunicação social e a desinformação”.

A Comissão Europeia também publicou um código de boas práticas, em vigor desde Outubro, que prevê um acordo com várias plataformas electrónicas.

Em Portugal, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) está a preparar iniciativas-piloto com o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) para tentar minimizar o fenómeno da desinformação nas eleições europeias e legislativas de 2019, em Portugal. E o Parlamento está também empenhado em lançar o debate sobre o tema.