Jornais escolares

“Os alunos gostam de chegar ao sábado e cheirar o papel do jornal em que escreveram”

Está na rua a edição número 100 do Neurónio, o jornal da Escola Secundária de Lagoa, na ilha de São Miguel. Distribuído, como sempre, com o centenário Açoriano Oriental. Uma proeza a celebrar no próximo ano letivo.

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Ilustração publicada na edição de Março de 2020 do "Neurónio" DR

O professor Alexandre Oliveira estava “com a edição entre mãos” no momento em que atendeu o telefonema do PÚBLICO na Escola. Fim de julho, tempo de retocar as páginas do jornal escolar, distribuído com o Açoriano Oriental no último sábado de cada mês. Desta vez, em rigor, o sábado que encerra a semana pertence já ao mês seguinte, é 1 de agosto, mas isso só vem reforçar a excecionalidade da edição: a número 100, a justificar o dobro das páginas (oito em vez de quatro) e uma lógica de número especial de aniversário.

O Neurónio saiu pela primeira vez em novembro de 2007 (pdf disponível aqui). O editorial, assinado pelos coordenadores de então, Marco Machado e Rosa Cabral, explicava: “Uma experiência inovadora para divulgar as boas práticas escolares. Foi este desafio que o jornal Açoriano Oriental, na pessoa do seu director, Paulo Simões, lançou à Escola Secundária de Lagoa. Assim, a partir de agora, e mensalmente, haverá um jornal escolar nas páginas do mais antigo jornal português. Como escola dinâmica e voltada para o futuro, aproveitámos esta oportunidade de levar a toda a comunidade escolar, e não só, o produto do nosso trabalho em prol da educação. Porque é importante não só ter boas práticas, como também divulgá-las.”

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Capa da edição de estreia, publicada em novembro de 2007

Nesta versão renovada e com difusão alargada, o jornal escolar (re)nasceu a chamar-se Neurónio, símbolo da própria secundária de Lagoa, em São Miguel, e também “símbolo que marca pela diferença e que vem lembrar que a escola é um espaço de socialização e, acima de tudo, de conhecimento aprendido e partilhado”, justificava o mesmo editorial.

Treze anos depois, a escola preparou-se para celebrar devidamente a chegada à centésima edição. Entre os pontos fortes do programa, que a pandemia obrigou a adiar para o próximo ano letivo, incluem-se a inauguração do Neurónio Media Center e um seminário sobre os Media na Escola — num dos painéis participarão somente alunos.

Comemorações presenciais

É imprudente, nesta altura, marcar datas para as comemorações. Alexandre Oliveira, coordenador do jornal escolar açoriano, prefere não arriscar. De uma certeza, no entanto, recusa-se a abdicar: “Não queremos fazer isto à distância.” Algumas dinâmicas previstas “têm de ser presenciais.”

O Neurónio conta já com a participação regular de alguns estudantes. A equipa coordenadora espera agora que a entrada em funcionamento do media center fortaleça a motivação e o espírito de redação. Antes de as escolas fecharem, em março, Alexandre Oliveira constatara como “os alunos estavam muito entusiasmados” com a criação de um espaço de trabalho preparado e equipado para acolher as tarefas de edição. “Vamos fazer uma salinha de redação. Os alunos gostam disso, de se identificar com o espaço, ter lá a placa na porta...”

A covid-19 baralhou os planos. Apesar disso, o Neurónio continuou a sair, com a quarentena a ser tema dominante nas páginas. Em casa, os alunos “quiseram escrever e viram no jornal uma forma de estarem ligados à escola.” Escreviam por iniciativa própria, conta o coordenador, e mostravam aos professores: “Isto é para o jornal.”

No final de cada mês, os textos da autoria dos estudantes do 3.º ciclo e do ensino secundário da ES de Lagoa chegam a todos os pontos que recebem o Açoriano Oriental, fundado em 1835. Edição impressa, para folhear e saborear ­— é outra das certezas de Alexandre Oliveira: “Os alunos gostam de chegar ao sábado e cheirar o papel do jornal em que escreveram.”

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