Greta Thunberg é uma figura da atualidade de quem todos os alunos, porventura, já ouviram falar. A determinação com que luta por uma mudança de políticas e atitudes que evite uma catástrofe ambiental, os discursos duros e emotivos com que surpreende os seus interlocutores e a maturidade que contrasta com a sua idade são alguns dos fatores que a tornaram tão mediática.

Se a sua capacidade de liderança mobilizou milhares de jovens para a causa e despertou para uma consciência ambiental que fez encher as ruas de manifestantes pelo clima, também trouxe para a esfera pública comentários inflamados que põem em causa a natureza do seu ativismo e questionam as consequências desta exposição para o crescimento saudável da adolescente.

Para além da exploração da função e caraterísticas da reportagem, no decurso das atividades, devem ser aproveitadas todas as oportunidades para abordar aspetos relacionados com a pesquisa de informação (respeito pelos direitos de autor, necessidade de consultar fontes diversificadas e de certificação da sua fiabilidade), para constatar a pluralidade de perspetivas e opiniões que um mesmo assunto suscita, assim como para refletir sobre questões relacionadas com a “campanha de ódio, mentiras e desinformação” muito visível nas redes sociais.

Apresentamos uma sequência didática com atividades que podem ser realizadas dentro e fora da sala de aula, em interdisciplinaridade, com envolvimento das bibliotecas escolares, no tempo e com o apoio que cada professor considere necessário para que o seu grupo/turma descubra, reflita e debata com opiniões fundamentadas.

Conscientes da importância e das múltiplas competências que estas estratégias implicam, da sua relevância para a construção do pensamento crítico e reflexivo, voltaremos a elas, recorrentemente.

Destinatários: Alunos do ensino secundário.

Disciplinas: Português/Cidadania e Desenvolvimento.

Pré-requisitos: Saber pesquisar informação em diferentes fontes; saber referenciá-las de forma adequada; usar estratégias para garantir a sua fiabilidade.

Material: Texto do PÚBLICO; folha de registo; material para pesquisa; material para captação de imagem e edição de vídeo; projetor de vídeo.

Duração das atividades: Deixamos ao critério do professor a gestão do tempo, de acordo com os recursos de que dispõe e as caraterísticas de cada turma.

Objetivos

PORTUGUÊS/CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO

• ORALIDADE: Exprimir, com fundamentação, pontos de vista suscitados por leituras diversas; Produzir textos adequados à situação de comunicação, com correção e propriedade lexical; Fazer exposições orais para apresentação de leituras, de sínteses e de temas escolhidos autonomamente ou requeridos por outros;
• ESCRITA: Planificar o texto a escrever, após pesquisa e seleção de informação pertinente; Editar os textos escritos, em diferentes suportes, após revisão, individual ou em grupo, tendo em conta a adequação, a propriedade vocabular e a correção linguística;
• Analisar a informação e opinião que um jornal oferece; Identificar as “vozes que são ouvidas” nos media e as “vozes que ficam no silêncio”; Entender a importância de estar a par da legislação, conhecendo a mais relevante sobre a proteção da liberdade de expressão e sobre a proteção de menores.

Antes da leitura do texto

• Discussão em grande grupo: As crianças e os jovens devem ter voz no espaço público?

Leitura

• Leitura do texto;
• Criação de um clima emocional propício a que os alunos se manifestem de forma espontânea sobre o que leram;
• Identificação do assunto deste artigo (provavelmente, muitos alunos vão associá-lo às questões ambientais, o que será interessante para refletir sobre o risco de retirar conclusões só a partir do título e da imagem);
• Exploração dos principais assuntos do texto;
• Diálogo sobre o trabalho prévio que a escrita de um texto, com estas caraterísticas, implica;
• Identificação das fontes consultadas pela jornalista e respetivas declarações (grelha de observação/análise disponibilizada aqui).

Depois da leitura

• Explicação dos objetivos, do percurso e do produto final pretendido – atividade: debate;
• A partir do conhecimento prévio dos alunos, exploração dos objetivos, das caraterísticas e da preparação exigida para a organização de um debate;
• Diálogo sobre quais os contributos desta reportagem para a realização do debate;
• Trabalhos de grupo – Os alunos organizam-se em cinco grupos:
  • Grupo 1 (G1): Pesquisar publicações sobre Greta Thunberg, em vários meios de comunicação social, detetando diferentes posicionamentos;
  • Grupo 2 (G2): Pesquisar o percurso da Greta Thunberg, em concreto os dados relevantes da sua vida;
  • Grupo 3 (G3): Pesquisar sobre «quando as crianças são notícia?»; como as crianças e os jovens são representados pelos media (identificar os principais motivos por que são notícia)
  • Grupo 4 (G4): Pesquisar em documentos de referência, sobre Direitos da Criança, Proteção de Menores, Liberdade de expressão, no que se relaciona com a questão em análise;
  • Grupo 5 (G5): Pesquisar os comentários sobre Greta Thunberg nas redes sociais, com enfoque no discurso de ódio que, frequentemente, lhe está associado: caraterísticas da linguagem e dos argumentos usados;
• Partilha dos resultados da pesquisa com o grupo/turma;
• Elaboração de um vídeo que ilustre o percurso do trabalho e algumas das conclusões que os grupos queiram destacar;
• Organização de um debate entre representantes de cada grupo (o debate deve ser filmado para, no final, facilitar a avaliação da atividade):

- O(s) moderador (es) faz(em) a introdução, convidando à visualização do vídeo que contextualiza o debate;

- No final, o moderador apresenta o painel dos convidados e lança a questão que vai desencadear o debate: As crianças e os jovens devem ter voz no espaço público?

Sugestão de painel:

• Jornalista (elemento do G1)
• Greta Thunberg (elemento do G2)
• Sociólogo/ Educador (elemento do G3)
• Especialista em Direitos da Criança (elemento do G4)
• Cidadão utilizador de redes sociais (elemento do G5)

Questões para “alimentar” o debate:

• Por que razão é que Greta Thunberg é notícia?
• Como é que ela surge representada nos media?
• Qual a diferença entre esta cobertura mediática e aquela que mais frequentemente é feita em relação às crianças e jovens?
• A lei apoia ou condiciona este tipo de intervenções/exposição pública de menores?
• Como reage o público a este mediatismo protagonizado por uma criança?
• Nas redes sociais, que argumentos e linguagem são usados por quem contesta Greta Thunberg e as suas estratégias de ativismo?

— Durante o debate o(a) aluno(a) moderador(a) dá a palavra ao convidado que a pede e evita que os outros intervenham sem a ter pedido; incentiva- os a manifestarem-se; direciona a palavra para o tema sempre que as intervenções se afastem do mesmo; vai gerindo o tempo das intervenções e, no final, convida a que tirem conclusões.

— Diálogo para que os alunos manifestem as suas perceções do debate;

• Visionamento do filme relativo ao debate para que, agora na perspetiva de espectador, o grupo/turma se manifeste sobre aspetos positivos e aspetos a melhorar.

Avaliação

• Pelo envolvimento durante todo o processo;
• Pelas capacidades argumentativa e crítica demonstrada durante o debate;
• Pelas capacidades de reflexão e de análise reveladas após a sua visualização.

Recursos

Como organizar um debate - Texto – Dicas [i]

Mais sugestões

• Realização de inquéritos na comunidade local sobre a questão — As crianças e os jovens devem ter voz no espaço público?

• Recolha, tratamento e representação dos dados;
• Com todo o material resultante da pesquisa, do debate e do inquérito, escrever uma reportagem sobre a questão (As crianças e os jovens devem ter voz no espaço público?), respeitando as caraterísticas relativas à função, linguagem e estrutura deste tipo de texto;
• Publicação num meio de comunicação da escola (jornal escolar, site, blogue...).

Nota: O jornal PÚBLICO não é escrito segundo o Acordo Ortográfico de 1990.