Soares diz que investimentos angolanos em Portugal são bem-vindos

Antigo Presidente considera que notícias como a das investigações ao procurador-geral da República angolano "são muito prejudiciais a ambos os povos".

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Ex-Presidente está disposto a "dinamizar parcerias" com instituições angolanas Cláudia Andrade

O antigo Presidente Mário Soares considera que o investimento angolano em Portugal é "útil, necessário e bem-vindo" e declara-se disponível para trabalhar na melhoria das relações entre Portugal e Angola.

Num comentário ao jornal i, Soares diz que “não é positiva para ninguém” a polémica desencadeada por uma notícia da edição do semanário Expresso da semana passada, de investigações em Portugal ao procurador-geral da República de Angola.

“Os nossos povos, português e angolano, são povos irmãos, pelo que é nossa obrigação tudo fazermos para aprofundar as relações entre ambos. Certos artigos, como o que referiu, do Expresso, são muito prejudiciais a ambos os povos”, afirma ao i.

Na sua qualidade de presidente da fundação com o seu nome, Mário Soares manifesta-se disponível para estreitar a colaboração com entidades angolanas. “Desejaria ainda no meu tempo desenvolver esforços mútuos para estabelecer e dinamizar parcerias com instituições angolanas e de todos os outros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, no sentido de legar aos jovens a importância da luta comum dos nossos povos”, disse.

Há uma semana, o Expresso noticiou que o procurador-geral da República angolano, João Maria de Sousa, estava a ser investigado pelo Ministério Público português por “suspeita de fraude e branqueamento de capitais”. Na quarta-feira, o diário estatal angolano Jornal de Angola reagiu, dizendo que os investimentos angolanos não eram bem-vindos em Portugal e, por isso, deviam acabar.

Num comunicado enviado à Lusa em Luanda, João Maria de Sousa classificou como “despudorada” e “desavergonhada” a forma como o segredo de justiça é “sistematicamente” violado em Portugal em casos relativos a “honrados cidadãos angolanos”.

Soares entende que “o investimento angolano em Portugal é útil, necessário e bem-vindo” e que “o cargo de procurador-geral da República de Angola deve merecer acrescido respeito institucional no quadro das relações que têm que ser salvaguardadas entre os dois países”.

O ex-Presidente português defendeu ainda que “a importância da comunidade portuguesa em Angola e da comunidade angolana em Portugal tem de estar sempre presente”. “Equívocos eventualmente existentes devem ser desfeitos com boa vontade recíproca”, acrescentou.

Quanto ao seu posicionamento passado face a Angola, disse: “Nunca fui anti-MPLA [partido governamental em Angola] ou anti-Savimbi [Jonas Savimbi, antigo líder do principal partido da oposição, a UNITA]. Limitei-me a querer a paz entre ambos. Defendi, como advogado, dirigentes do MPLA no tribunal plenário de Lisboa. Fui e sou amigo de muitos como fui do Presidente Agostinho Neto, tendo estado preso ao lado dele no Aljube”.
 
 

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