Não batam mais na Maria de Belém. Deixem o Partido Comunista em paz. Ganhou o Marcelo Rebelo de Sousa. Deixem o vencedor e os vencidos em paz.

Marisa Matias ganhou em anunciar que tinha felicitado Marcelo Rebelo de Sousa mas, sobretudo, por ter dito que “em democracia não há nada mais precioso do que a vontade do povo”.

Marisa Matias conseguiu, tal como Marcelo Rebelo de Sousa, muito mais votos (e cada voto é a vontade pensada de um eleitor) do que se pensava.

Mas, mesmo assim, ela exigiu “igual tratamento para todas as candidaturas”. Recusou qualquer triunfalismo ou aproveitamento político. Marisa Matias é do Bloco de Esquerda mas demonstrou, dentre todos os candidatos, o maior empenho pela democracia através do sufrágio universal, que é a soma das opiniões, estúpidas ou inteligentes, de cada cidadão.

Marcelo Rebelo de Sousa será o Presidente da República mais inteligente, culto, simpático e engraçado que Portugal já teve. Será um sofrimento interpretar os silêncios de um conversador que nasceu para falar.

Felizmente posso adivinhar que não aguentará o cerimonialismo mudo da nova função. Na Faculdade de Direito falou, sensacionalmente, na investigação.

Temos finalmente um intelectual inteligente em Belém. Admirar-se-ão os portugueses que se opuseram a ele com a abertura dele. Tal como Marisa Matias elogiou a democracia e os “oponentes” (substantivo deselegante) que o elegeram.

Será um Presidente encantador. Que mais podemos pedir?