Venezuela: timidez do Governo português face à crise não ajuda emigrantes

Responsável da Transparência e Integridade — Associação Cívica defende que Portugal deve ser firme a condenar o regime venezuelano.

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João Paulo Batalha é dirigente da Transparência e Integridade Enric Vives-Rubio

O director executivo da Transparência e Integridade, João Paulo Batalha, disse hoje que a timidez da reacção do Governo português face à crise na Venezuela não ajuda a comunidade emigrante naquele país, considerando que Portugal deve ser firme na condenação do regime venezuelano. “A timidez, a falta de clareza, a falta de assertividade do Governo na reacção a esta crise por parte de um país amigo, como é ou deveria ser a Venezuela, não protege, não ajuda a proteger a comunidade portuguesa”, declarou à agência Lusa.

Para o responsável da associação cívica, o Governo português “deve ser firme na sua condenação a este tipo de deriva antidemocrática e, obviamente, tem de estar capacitado para dar, se necessário for, o apoio aos portugueses”. “Sabemos que há muitos portugueses que estão no centro desta crise. Eu acho que isto tem justificado alguma timidez, chamemos-lhe assim, do Governo português na forma como tem reagido a esta crise”, sublinhou.

“Esta timidez não parece minimamente ajustada à gravidade da situação”, considerou o director executivo da Transparência e Integridade. “Isso faz-me lembrar a cumplicidade que o Governo português teve, na altura, com o apartheid sul-africano, exactamente com o mesmo argumento da existência de uma grande comunidade portuguesa na África do Sul”, acrescentou.

“Lamento que o Governo português não seja mais claro nas suas tomadas de posição e menos ambivalente. É fundamental que a comunidade internacional, neste momento, se coloque do lado dos cidadãos venezuelanos e da sociedade civil venezuelana na rejeição deste estado de coisas”, disse ainda o responsável da associação cívica.

O Governo português tem seguido as posições da União Europeia no que diz respeito à crise na Venezuela. Na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou que Portugal, tal como os restantes países da União Europeia, não pode reconhecer a Assembleia Constituinte da Venezuela eleita no dia 30 de Julho, a qual classificou como “um passo negativo". Sobre a comunidade portuguesa e luso-venezuelana que se encontra na Venezuela, Augusto Santos Silva garantiu que esta é a principal preocupação do Governo.

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