Um geógrafo com raízes rurais

João Guerreiro vai presidir à Comissão Técnica Independente para os incêndios em Pedrógão Grande.

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João Guerreiro foi reitor da Universidade do Algarve e presidente da Comissão de Coordenação Regional Virgilio Rodrigues

O ex-reitor da Universidade do Algarve João Guerreiro, que vai presidir à comissão técnica que vai investigar a tragédia de Pedrógão Grande, vai amanhã à Assembleia da República para se inteirar das condições de trabalho. “É um primeiro contacto”, diz, acrescentando que ainda não está agendada qualquer reunião para discutir a metodologia do grupo de especialistas que vai coordenar. “Vou cumprir o mandato que está lei”, disse ao PÚBLICO sobre os desafios que tem pela frente. O prazo para elaboração do relatório sobre o que se passou no incêndio que matou 64 pessoas é de 60 dias, e pode ser prorrogado por mais um mês.

O académico, proposto para esta comissão pelo conselho de reitores, tem raízes no campo e é um conhecedor do meio rural. É neto de agricultores da aldeia de Querença (Loulé). O pai, Manuel Gomes Guerreiro (secretário de Estado do Ambiente no I Governo Constitucional), foi o primeiro reitor da Universidade do Algarve — um silvicultor, com vasta obra publicada sobre a floresta mediterrânica.

João Guerreiro fez um mestrado em Ordenamento Rural e o doutorou-se em Economia Agrária. Mais recentemente, na qualidade de membro do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável — órgão de consulta do Governo — coordenou o grupo de trabalho que emitiu o parecer sobre as propostas sobre a reforma da floresta em debate (ver texto ao lado).

A nível político, João Guerreiro é considerado uma figura consensual: parece mais próximo do PS sem ser rejeitado pelo PSD.

Entre 1996 e 2003 presidiu à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDRA). Nessa altura teve de lidar com os conflitos entre interesses económicos e ordenamento. Um dos casos mais polémicos foi a construção do aparthotel Dunas Mar, em Monte Gordo, que do lado dos promotores tinha um filho de Almeida Santos, antigo presidente da Assembleia da República e do PS. A unidade de 204 apartamentos, apesar dos vários pareceres desfavoráveis da CCDRA entre 1990 e 2000, acabou por se implantar sobre as dunas.

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