Santana Lopes: Túnel do Marquês "foi um processo difícil" que devia ter ido mais longe

Ex-autarca afirma que foi uma "obra que fez bem a Lisboa e às pessoas", referindo que as obras ajudaram a atenuar o congestionamento do trânsito.

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pedro maia

Dez anos após a inauguração do Túnel do Marquês, em Lisboa, Santana Lopes, autor da ideia, salienta que a importância da obra é hoje "um dado adquirido", apesar do processo difícil, e que o projecto deveria ter ido mais longe.

Em entrevista à Lusa, Pedro Santana Lopes (PSD), presidente da Câmara de Lisboa entre Janeiro de 2002 e Julho de 2004, lembrou o difícil processo de construção do Túnel do Marquês, inaugurado há 10 anos e hoje um "património quase colectivo", uma daquelas "obras que fizeram bem a Lisboa e fizeram bem às pessoas, que é para isso que a política serve".

"Foi difícil, teve embargo na altura de 2004, as obras paradas no Euro 2004. Foi muito complicado. Teve muita guerrilha política, muita oposição na câmara. Depois exigiu-se um estudo de impacte ambiental, quando a legislação da União Europeia ainda não o exigia [...]. Fez-se o estudo, ganhou-se o processo em tribunal, mas perderam-se quase dois anos. Foi uma dor de alma ver as obras no centro da cidade assim", descreveu.

O antigo autarca lembrou que, então, "a rotunda do Marquês estava completamente congestionada".

"As pessoas já não se lembram", disse, mostrando-se "convencido de que, se não houvesse o túnel, hoje em dia, todas as manhãs, o trânsito, que já passava na altura as portagens de Carcavelos, já devia ir no Estoril ou em Cascais", afirmou.

"Acho que é uma obra excelente e acho que com o tempo as pessoas todas aderiram à obra. Depois há os que dizem 'não, a obra ficou boa porque eu juntei não sei o quê'. Conversa. Diziam 'ai, o túnel é muito inclinado, é muito perigoso'... Enfim, a política tem destas coisas chatas. As pessoas inventarem coisas para discordarem mesmo do que é bom", referiu.

Para Santana Lopes, "a grande vantagem do túnel" é os carros andarem "muito mais depressa quando chegam ao viaduto Duarte Pacheco", garantindo: "Por mim tinha continuado a fazer o desnivelamento no Saldanha, era o meu projecto".

O social-democrata apontou a necessidade de um túnel no Saldanha, ligando aos outros que já existem no Campo Pequeno, Entrecampos e Campo Grande. "A minha ideia era e continua a ser libertar mais a superfície, como acontece na Avenida Joaquim António de Aguiar, para os transportes públicos. Porque quanto mais se apertam as avenidas, limita-se a circulação de carros, mas quando se limitam os carros também se limitam os transportes públicos, que, por definição, têm de andar depressa para fazer as pessoas chegar aos seus destinos e não a passo de caracol, a 10 quilómetros por hora ou menos", afirmou.

Santana Lopes afirmou-se "convencido de que a câmara, seja quem for que lá esteja, um dia vai chegar à conclusão de que isso é preciso".

O Túnel do Marquês, em Lisboa, inaugurado a 25 de Abril de 2007, tem 1725 metros que ligam as Amoreiras à Avenida António Augusto de Aguiar e demorou nove anos a ser construído na sua totalidade. O túnel faz um desnivelamento para circulação rodoviária entre a Avenida Duarte Pacheco, nas Amoreiras, e a Praça do Marquês de Pombal e as avenidas António Augusto de Aguiar e Fontes Pereira de Melo.

Foi criado com o objectivo de retirar cerca de 50 mil carros por dia da superfície desta zona central de Lisboa, encurtando o tempo gasto no tráfego. A saída do túnel para a Avenida António Augusto de Aguiar, que estava dependente de obras no Metropolitano, foi inaugurada a 5 de Abril de 2012.

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