Tempo de metáforas

Há palavras na campanha com derivas poéticas.

Uma campanha eleitoral, senhores, é terreno de discurso directo. Mensagem simples, ideias claras e argumentos sem mácula. Idealmente assim é.

Mas nem sempre acontece. Não é conhecida de ciência certa a razão por que no burgo as palavras ganham vários significados. Só a riqueza da língua portuguesa pode justificar as derivas. Algumas poéticas.

“A verdade é como o azeite num copo de água, vem sempre ao de cima”, disse António Costa, em Leiria, no testemunho do 24 Horas da RTP Informação de 24 de Setembro. O alvo eram as metas do défice orçamental para 2015 e podia ter dito que o Governo falha, mente ou, eufemismo desta última classificação muito usada, falta à verdade.

“Sempre que o homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”. Esta citação do poema de António Gedeão consta do tempo de antena do Pessoas, Animais e Natureza, o PAN. Expediente para mobilizar que poderia ser substituído por uns directos "ouse, arrisque ou aposte".

Ao estilo do espaço de divulgação legalmente protegido e passado na televisão pública do Partido da Terra. O MPT, que se define como humanista, ecologista e liberal faz uma proposta directa aos eleitores: “Vamos fazer diferente”.

Não é o comum. Até a palavra de ordem “morte aos traidores” do PCTP/MRR foi entendida pela Comissão Nacional de Eleições como uma imagem. Vivemos, definitivamente, num tempo de metáforas.

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