Socialistas animam-se com sondagem que retira maioria absoluta ao PSD na Madeira

Estudo de opinião encomendado pelos socialistas madeirenses, a dois anos e meio das eleições regionais, recoloca o PS como alternativa de governo. Direita perde a maioria no parlamento regional.

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Carlos Silva é deputado da Assembleia da República e líder do PS-M Rui Silva/Aspress

Faltam dois anos e meio para as eleições regionais na Madeira, mas, se fossem hoje, animam-se os socialistas do arquipélago, o PSD perdia, pela primeira vez, a maioria absoluta. Esse é o resultado previsto por uma sondagem encomenda pelo PS-Madeira, a que o PÚBLICO teve acesso, na qual o partido que governa a região autónoma há 40 anos, sempre com maioria absoluta, cai perto de dez pontos percentuais.

Mesmo ressalvando que “sondagens são sondagens”, o líder dos socialistas regionais, Carlos Pereira, não deixa de olhar para os números com entusiasmo e constatar: “Depois de nas últimas eleições regionais o PS-M (em coligação) ter ancorado nos 11%, obter mais de 27% de intenções de voto é muito estimulante para o trabalho futuro”.

O estudo, feito pela Eurosondagem, dá 38,0% dos votos ao PSD, o que em termos práticos resultaria na perda de 4 ou 5 deputados, o suficiente para o partido liderado por Miguel Albuquerque perder a maioria parlamentar (24 deputados) que após as regionais de 2015 está presa por uma única cadeira.

Destacando que este é o “melhor estudo de opinião” das últimas duas décadas para o PS, Carlos Pereira argumenta que os resultados mostram que o partido é uma “alternativa credível” ao executivo social-democrata.

“Se as eleições fossem hoje, triplicávamos o número de deputados (passávamos de cinco para 15), ficávamos a apenas cinco deputados do PSD, reconquistávamos o lugar de líder da oposição e, não menos importante, retirávamos a maioria absoluta ao PSD”, analisou o também vice-presidente do grupo parlamentar do PS na Assembleia da República.

Já o PSD optou pela ironia para desvalorizar a sondagem. Durante a manhã, no período antes da ordem do dia no parlamento madeirense, o deputado social-democrata Adolfo Brazão garantiu que o partido também tem estudos, mas que são instrumentos internos. “Quero agradecer ao PS pela caricata e bem-disposta sondagem”, ironizou.

Mas, se o PSD cai na sondagem dos socialistas, o CDS desaba. O partido de António Lopes da Fonseca que tem liderado a oposição desde as regionais de 2011 perde cinco pontos e vê o grupo parlamentar reduzir-se dos actuais sete para quatro deputados.

Numa projecção em que o Bloco de Esquerda sobe para 6,9% (teve 3,8% em 2015) e em que 21,4% dos inquiridos "não sabe ou não responde" em que votaria, a CDU mantém o eleitorado, o PTP de José Manuel Coelho perde o único lugar que tem e o JPP – Juntos Pelo Povo, que a par do PS tem o terceiro grupo parlamentar na Madeira, vê nesta sondagem a representação popular cair para 4,1%, elegendo dois parlamentares.

Além dos resultados, também o timing escolhido por Carlos Pereira para esta sondagem, encomendada a dois anos e meio das eleições regionais e quando ainda faltam dois combates eleitorais pela frente – autárquicas, este ano; e europeias, em 2018 –, causou surpresa nos corredores políticos regionais.

Uma das leituras que têm sido feitas passa pela tentativa de afirmação da direcção socialista dentro do próprio partido, onde coexistem várias sensibilidades. Uma próxima de Paulo Cafôfo, o independente que governa a autarquia funchalense, que foi escolhido pela anterior liderança socialista, e outra ao lado de Carlos Pereira.

A sondagem foi efectuada nos dias 14, 15 e 16 de Março, através de entrevistas telefónicas. O universo foi a população com mais de 18 anos residente na Região Autónoma da Madeira com telefone fixo na habitação. Foram validadas 1017 entrevistas, com a amostra a ser estratificada por concelho: Funchal - 44,1%; e restantes concelhos - 55,9%. O erro máximo do estudo de opinião é de 3,07%.

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