Salvemos o planeta político

Há sete mil milhões de seres humanos no planeta. Entre eles, 10 milhões de portugueses, no seu pequeno rectângulo da Terra, interrogam-se: ainda vamos a tempo de evitar o aquecimento global extremo da direita e da esquerda?

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É uma tarefa histórica para as próximas gerações: será possível evitar a subida das marés extremistas (de direita e de esquerda) e parar com a asfixia austeritária antes do fim do século? Quando se avolumam as suspeitas de que o cálculo da sobretaxa do IRS foi manipulado pelos técnicos da Volkswagen (ao serviço do Governo de Passos Coelho), com dados falsos sobre as emissão de gases tóxicos na estufa eleitoral, é chegada a hora das decisões corajosas.

Salvemos o planeta enquanto é tempo, porque só temos este. Mas há esperança para os habitantes da Terra. Há sinais de que responsáveis políticos começam finalmente a agir. É possível sonhar com um compromisso geral.

Em primeiro lugar, combustíveis fósseis altamente poluentes do clima político — como o Presidente Cavaco Silva — vão acabar em breve as suas reservas. O pavio apaga-se em Janeiro. A partir daí, impõe-se uma alternativa presidencial menos velha e muito menos desequilibradora dos ecossistemas animais. Mas será preciso investir em tecnologias de ponta. Como tal, o professor Marcelo já está a dormir menos uma hora por noite (agora dorme cerca de meia hora) para investigação e desenvolvimento de novos factos políticos. E o candidato Sampaio da Nóvoa apostará ainda mais na reciclagem de velhas letras e canções motivadoras de Zeca Afonso, cheias de lenha para aquecer o coração. Do mesmo modo, a candidata Maria de Belém deverá abandonar o uso continuado de lacas capilares com gases de efeito de estufa, apostando ecologicamente em penteados naturais.

Da parte dos partidos políticos da direita e do centro, que sempre se moveram à base dos antigos e malcheirosos motores do “arco da governação”, subitamente obsoletos, espera-se agora imaginação e poupança. Paulo Portas poderá, por exemplo, abandonar os seus excedentes retóricos alarmistas — “é perplexizante que o PS reveja a sua história”, “sinto-me insultado como cidadão português”, etc. — e concentrar-se em mensagens simples, com energias verdadeiramente revogáveis. Quando ainda estava no poder, recorde-se, o ex-vice-primeiro-ministro deu um grande exemplo ao apresentar um “guião da reforma do Estado” tão conciso que ainda hoje poderia competir (em termos de poupança de papel) com os acordos firmados entre o PS e o Bloco de Esquerda e o PCP. Esta política de “pense bem antes de imprimir esta folha porque só tem duas ou três frases que qualquer criança pode decorar, pense na saúde do planeta” é uma verdadeira revolução. Comparando, claro, com os tempos gastadores em que Paulo Portas consumia 40 mil páginas de fotocópias sobre submarinos numa só noite, sem que até hoje fosse explicado tanto gasto em celulose destruidora de milhares de árvores, fabricantes de oxigénio.

Também Passos Coelho, ex-primeiro-ministro, poderá entregar para reciclagem o seu pin com uma bandeirinha nacional e deixar de fazer de conta que ainda é chefe de Governo. A nova roupagem de governante moderado do centro poderá ser doada a refugiados mais necessitados do que ele. Os ácidos do seu estômago poderiam ser úteis na siderurgia nacional, se ainda houvesse indústria.

Também poderá concentrar-se no estudo da teoria de que não se devem confundir alterações climáticas com alterações constitucionais.

Quanto ao PS e a António Costa, a prioridade será a construção de pontes com a margem esquerda do Parlamento e, ao mesmo tempo, uma aposta firme em barragens que contenham a enxurrada de propostas despesistas e anti-União Europeia. Também surgirão novos estudos sobre viabilidade nos transportes, uma vez que ainda não é certo se fica mais barato tPSer os autocarros movidos a electricidade, a diesel ou a CGTP (Composto Grevista dos Transportes Públicos).

O futuro poderá passar ainda pela construção de aterros sanitários para políticas fora de prazo (basicamente, tudo o que Passos Coelho fez em matéria social), sem descurar a colocação, em todas as esquinas das cidades, de vidrões para promessas quebradas do PS, reciclando os apoios à esquerda do Governo.

Quanto a Mário Centeno, o ministro das Finanças já provou que consegue pôr a oposição a rir com uma energia altamente renovável (as gargalhadas) e tem todos os meios para, na União Europeia, implantar uma importante aposta nas saídas limpas. Desde que disse que “houve uma enorme desproporção entre os resultados da ‘saída limpa’ e a propaganda que ela gerou”, este especialista em desperdícios deverá apresentar, finalmente, uma fórmula coerente para gastos e receitas equilibrados, coisa que o planeta político espera a todo o momento.

De qualquer modo, se os políticos portugueses ultrapassarem as quantidades já previstas de demagogia e de poluição da paisagem política, poderão sempre comprar quotas e excedentes aos países africanos de língua oficial portuguesa, como já se faz com as quotas de CO2. Angola, no entanto, está fora de causa, pois gastou já todos os créditos de sujidade política para a próxima década, ao defender que Luaty Beirão e os seus jovens companheiros não se tratam de presos políticos.

Todos juntos, vamos evitar o aquecimento global e mais inundações e grandes secas no Parlamento.

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