Resposta a Francisco Assis: arrogante e grotesco

Não vejo Assis disposto a seguir-me o exemplo (ao invés, claro!), saindo do palco pela direita alta…

Francisco Assis - que, note-se, nem sequer conheço pessoalmente - não se dá ao “trabalho de redarguir” às críticas que lhe dirigi. Mas o Português é uma língua muito traiçoeira e o certo é que ele “redarguiu” mesmo, insultando-me e tentando desqualificar-me, subterfúgio bem conhecido a que recorrem indivíduos que carecem de argumentos sólidos e coerentes para sustentar as suas ideias e atitudes políticas, filosóficas ou outras.

A breve e indigente resposta com que Francisco Assis tentou enxovalhar-me é reflexo da sua desorientação ideológica, da sua cobardia intelectual e da sua falta de dignidade política. Por muito indigente e descabida que considere a minha prosa, a verdade é que fugiu com o seu filosófico rabiosque à seringa do esclarecimento, desperdiçando excelente oportunidade para expor os fundamentos do seu pensamento e comportamento políticos.

Confesso que não faço a mínima ideia sobre o que é que Francisco Assis entende por esquerda ou, mais concretamente, por socialismo democrático, social-democracia ou trabalhismo. E, já agora, o que é que entende por neoliberalismo, dado que ainda há bem poucos dias defendeu Passos Coelho, afirmando que não o considera um político neoliberal e o acha um parceiro que o PS deveria privilegiar na sua política de alianças (à direita, claro!).

Creio que Francisco Assis é licenciado em Filosofia. Seria, portanto, natural que se preocupasse com o rigor dos conceitos que orientam as suas opções ideológicas e políticas, explicando, por exemplo, porque é que um partido socialista (como o PS) deve privilegiar exclusivamente alianças com partidos situados à sua direita. E não é sério afirmar que as alianças à esquerda não fazem parte do código genético do “partido de Mário Soares”, porque, convém relembrá-lo, desde o início da década de 1990 que Mário Soares defendeu a necessidade de alianças com o PCP, desde logo a nível autárquico, como passo indispensável para vir, eventualmente, a selar futuras alianças a nível nacional. Sou testemunha pessoal desse facto.

Francisco Assis, militante e eurodeputado do PS, tem em muito má conta tudo aquilo que está a esquerda do PS e não hesita em considerar-me “eternamente adolescente” por privilegiar essa esquerda. Na sua arrogância política irracional, Assis deve considerar-se “eternamente adulto” por privilegiar a direita, como se quisesse transmitir-nos em modo subliminar a ideia, verdadeiramente grotesca, de que a direita é “responsável” e a esquerda não, de que os “adultos” são de direita e os “adolescentes” é que são de esquerda.

Tudo me separa de Francisco Assis, quanto a mim um mau profissional da política, carreirista e oportunista. Quando comecei a considerar que estava no partido errado, publiquei um livro a defender as minhas ideias (“A crise da esquerda europeia”, D. Quixote, 2012), e acabei por abandonar o PS (de que fui um dos fundadores) no início de 2015. Não vejo Assis disposto a seguir-me o exemplo (ao invés, claro!), saindo do palco pela direita alta…

Cronista

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