Quanto custou eleger cada um dos 230 deputados? Quase 45 mil euros

Partidos com assento parlamentar gastaram 10,3 milhões de euros nas legislativas do ano passado, mais um quarto do que em 2011 – só a CDU ficou abaixo do orçamentado.

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Contas das campanhas são entregues ao Tribunal Constitucional Rui Gaudêncio

Em média, a eleição de cada um dos 230 deputados da Assembleia da República custou ao partido que o apoiou quase 45 mil euros. O deputado mais “barato” de eleger foi André Silva, o único representante do PAN – Pessoas-Animais-Natureza, cuja campanha teve uma despesa total de 32.210 euros, ao passo que cada parlamentar eleito pela CDU, a coligação que junta PCP e PEV, custou 83.832 euros.

De acordo com os cálculos feitos pelo PÚBLICO a partir das contas finais de campanha entregues no Tribunal Constitucional (TC) e disponibilizados pela Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, à qual cabe o escrutínio das despesas e receitas declaradas, os deputados que menos investimento precisaram para a sua eleição, a seguir ao do PAN, foram os do PS, com um custo médio de 37.542 euros por cada um dos 86 eleitos.

O custo de cada um dos 19 parlamentares eleitos pelo BE acabou por ficar dentro da média: cada um representou uma despesa de 44.182 euros para o partido.

À direita, cada um dos 102 deputados eleitos pela coligação Portugal à Frente, que juntou PSD e CDS na campanha apenas para Portugal continental, custou 42.235 euros, ao passo que a factura média de cada um dos cinco sociais-democratas eleitos pelos círculos dos Açores (dois) e da Madeira (três) subiu aos 61.600 euros. Pior ficou o CDS, tanto nos Açores, onde se coligou com o PPM na Aliança Açores, como na Madeira, onde concorreu sozinho: nas ilhas os centristas não elegeram qualquer representante e acabaram por gastar cerca de 156 mil euros.

Dos sete partidos e coligações que elegeram deputados nas últimas legislativas, todos à excepção da CDU gastaram mais do que previam nos orçamentos de campanha entregues ao TC em Agosto do ano passado. E a maior parte deles também foi mais despesista do que nas legislativas antecipadas de 2011, nomeadamente PSD, CDS, CDU e PAN.

A coligação Portugal à Frente (PaF) falhou a promessa de poupar 40% em relação à despesa efectiva que fez em 2011 (4,625 milhões de euros). Os então vice-presidentes Marco António Costa e Pedro Mota Soares prometeram em Maio de 2015 uma campanha “poupada”, por ser preciso “respeito” pelos portugueses que tinham feito “sacrifícios e passado por tempos difíceis”. Isso implicava ter cumprido o orçamento de 2,8 milhões de euros que declarou no final de Agosto no TC, quando na verdade, se forem somadas as despesas da PaF às do PSD e do CDS nas regiões autónomas, a despesa foi mesmo 147 mil euros mais elevada do que em 2011, chegando desta vez aos 4,772 milhões de euros (para um total de 107 deputados). Olhando apenas para os valores da coligação no continente, Passos Coelho e Paulo Portas acabaram por fazer uma derrapagem de mais 54% em relação aos 2,8 milhões de euros orçamentados, já que gastaram, segundo declararam ao TC, 4,308 milhões de euros para eleger 102 parlamentares.

A CDU foi quem mais gastou em comparação com 2011, mas ficou abaixo do orçamento de 1,5 milhões que declarara ao TC: gastou 1,425 milhões de euros, mais meio milhão do que há quatro anos (um aumento de 54%), conseguindo apenas mais um deputado (17).

Já o PS e o BE reduziram a factura em relação a 2011. Os socialistas gastaram agora 3,228 milhões de euros (mais 633 mil euros do que previam no orçamento) para eleger 86 deputados, ou seja, menos 904 mil que em 2011, quando gastaram 4,132 milhões de euros para conseguirem 74 representantes no Parlamento. E os bloquistas também conquistaram mais deputados com menos dinheiro: em vez dos 864 mil euros gastos em 2011 para conseguir oito deputados, agora elegeram 19 com uma despesa de 840 mil euros.

O PAN também gastou mais: passou de 25 mil euros em 2011, em que não elegeu ninguém, para os 32.210 euros em 2015, mas conseguiu a eleição de André Silva.

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