PSD e CDS exigem explicações sobre CGD, mas ficam sem resposta

Partidos da esquerda responsabilizam anterior Governo pela situação do banco e do restante sector financeiro.

O PSD e o CDS insistiram em querer saber qual o montante e como é que será a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas não obtiveram respostas por parte do PS durante o debate parlamentar sobre sistema financeiro agendado pela própria bancada socialista. Já perto da conclusão do debate, ao final da manhã desta sexta-feira, o líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro, concluía: “Isto é um acto falhado por completo”.

O debate começou com o deputado socialista João Galamba a acusar o PSD de ter escondido os problemas na banca durante o anterior Governo liderado por Passos Coelho e de só ter reconhecido as dificuldades após as eleições legislativas. “O que nos foi dito era que a única preocupação com a Caixa que não era capaz de devolver os 900 milhões que tinham sido injectados em 2012. Poucos meses depois, o ex-pm disse ontem [quinta-feira] que a Caixa precisa de 2500 milhões de euros de capital”, apontou o deputado socialista. Galamba criticou ainda o processo de recapitalização dos bancos, em 2012 e 2013, ao dizer que foi “uma forma de tentar encher um balde furado”. “Entendia-se que se atirasse dinheiro para cima resolvia, mas não se resolveu e até se agravou”, disse, aconselhando a consulta dos relatórios do Banco de Portugal e da troika.

Depois desta intervenção, o deputado Miguel Morgado perguntou o que seria repetido por outros elementos da sua bancada e do CDS: “Qual o montante da necessidade de capitalização” e se o PS confirmava as “quantias de que se falam, 4 ou 5 milhões de euros”. O social-democrata reiterou o que já havia sido dito pelo líder do PSD: esses montantes “estão acima das necessidades” da CGD.

Cecília Meireles, do CDS, não se pronunciou sobre valores, mas quis saber detalhes do plano do Governo para o banco: “Essa reestruturação quer dizer encerramento de balcões? Vai haver despedimentos? Sim ou não? Se sim, quantas pessoas?”. Galamba deu a única resposta que se ouviu sobre o assunto por parte da bancada socialista, remetendo para o accionista do banco, que é o Estado: “Este Parlamento não fiscaliza actos que ainda não ocorreram. As perguntas são legítimas, mas é o accionista que tem de responder e está a resolver o que os senhores não resolveram”.

Seria pela voz da ex-ministra das Finanças que o PSD voltaria à carga. “Sabemos a situação em que se encontrava a CGD no final do ano passado, sabemos o esforço que foi feito para reforçar o seu capital e é por isso que não compreendemos os valores de que se fala, e precisamos de saber”, insistiu Maria Luís Albuquerque, numa intervenção muito crítica à governação socialista. Ficou sem resposta.

A socialista Jamila Madeira perguntou se o PSD “é a favor da Caixa como banco público”, mas o PCP, pela voz de Miguel Tiago, acusou mesmo os sociais-democratas de “degradarem” a CGD para a poderem “privatizar”. O debate aqueceu quando Miguel Tiago acusou a ex-ministra de fazer “tudo para esconder a situação da banca” e de até de “mentir”. Uma “ofensa”, respondeu de imediato Maria Luís Albuquerque, argumentando que “provou sempre” que nunca mentiu quando confrontada com essa acusação.

Mariana Mortágua, do BE, criticou a política para o sistema financeiro do anterior Governo, mas defendeu que é preciso “fazer diferente” no presente. E a diferença é o controlo público da banca, o que foi rejeitado pelo PS.

A poucos minutos do fim, o líder da bancada do PSD interveio para criticar a falta de respostas dos socialistas, que agendaram o debate, sobre a matéria. “Não sabem o que dizer sobre sistema financeiro. Pensei que vinham dar as respostas. É um bocadinho masoquismo político a mais”, disse. “O debate foi tão desinteressante, que o PS nem conseguiu trazer o Governo [não esteve nenhum membro do executivo e não é obrigatório]. Vamos chegar ao fim e vamos continuar sem saber o montante de recapitalização”, atirou, dizendo que foi “um acto falhado por completo”. A posição seria segundada por João Almeida, do CDS. E foi já na última intervenção que o socialista Eurico Brilhante Dias voltou a acusar o líder do PSD de contradição – ao reconhecer só agora a necessidade de recapitalizar a Caixa – e a responder: “Se este debate é um acto falhado é porque a direita não veio ao debate assumir as suas responsabilidades.

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