PSD diz que relatório “enterra a ideia de reestruturação da dívida”

CDS-PP falou sobre o relatório para dizer que é uma encenação produzida por PS e BE.

“Depois de anos de conversas a clamar pela reestruturação e de manifestos, fica claro que estes partidos finalmente – e bem – mataram a ideia da reestruturação”, concluiu o PSD depois de conhecer as conclusões do relatório sobre a dívida pública elaborado pelo grupo de trabalho do BE e do PS.

O deputado António Leitão Amaro criticou as “conversas irrealistas” sobre a prorrogação do prazo – alargando-o mais 45 anos – para o pagamento e a redução de juros, lembrando que essa posição vai contra as defendidas por líderes europeus, como os socialistas François Hollande e Martin Schulz (o alemão mostrou-se recentemente contra os eurobonds), ou até Olli Rehn. E acrescentou que essa estratégia “implicaria um novo programa cautelar”, como aconteceu recentemente com um novo pacote de ajuda e de medidas de austeridade para a Grécia – “e ninguém quer isso em Portugal”.

O social-democrata considerou ainda que os considerandos do relatório “são uma confissão de que as políticas de curto prazo deste Governo são insustentáveis”, como a redução das maturidades da dívida pública, ou “inconsistentes e perigosas”, como é o caso de “usar as reversas do Banco de Portugal”.

Sobre o novo grupo de trabalho sobre o endividamento público proposto pelo PCP e que se prepara para ser aprovado pelo PS no âmbito da COFMA – que permitiria discutir o assunto de uma forma mais “institucional” e vincular a Assembleia da República, António Leitão Amaro disse que isso é o reflexo de que “os partidos da esquerda não sabem o que querem”. O PSD, porém, também não inviabilizou a comissão eventual com a mesma finalidade que fora proposta pelo PCP e que o PS fez chumbar em plenário na quinta-feira.

CDS fala em encenação

O CDS-PP reagiu ao relatório pela voz de Cecília Meireles que qualificou de encenação o relatório sobre a dívida produzido por PS e BE, considerando que o que os partidos defendiam relativamente à reestruturação "está mais ou menos esquecido" no documento.

"Tudo o que aqueles partidos defendiam em relação à reestruturação está mais ou menos esquecido e todos fingem que estão a falar da mesma coisa, quando na realidade estão a falar de coisas diferentes. É uma verdadeira encenação", disse à Lusa a dirigente e deputada centrista.

Cecília Meireles argumentou ainda que os dois partidos propõem soluções do anterior executivo, ao mesmo tempo que os resultados do atual Governo são "um aumento dos juros e um aumento da dívida".

"É surpreendente que ao fim de tantos adiamentos, aquilo que PS e BE produziram é uma declaração de intenções em que dizem que o Governo vai fazer uma coisa que o anterior Governo já tinha conseguido, uma redução dos juros da dívida, e uma revisão das maturidades da dívida, para termos mais tempo", sustentou.

"Quando o anterior Governo fez isso, esses partidos diziam que não era isso que se queria, agora apresentam a mesma coisa, com a diferença que não têm resultados", declarou.

Com Lusa

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