PSD apela a António Costa que hoje peça desculpas em Pedrógão Grande

Líder da bancada social-democrata contorna a palavra "demissão" mas exige que ministra da Administração Interna assuma "as suas responsabilidades" em vez de procurar "bodes expiatórios nos serviços e direcções-gerais do seu ministério".

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Paulo Pimenta

Hugo Soares não usou a palavra “demissão”, mas esta sexta-feira não se cansou de repetir que a ministra da Administração Interna deve assumir a sua própria “responsabilidade política” na falta de socorro na tragédia de Pedrógão Grande. O líder da bancada do PSD também deixou “um apelo e um desafio” ao primeiro-ministro: que aproveite a sua deslocação desta tarde à zona afectada pelo incêndio para, “olhos nos olhos” com os familiares das vítimas, “pedir desculpas e explicar” por que é que ainda não começaram a ser indemnizados pelas suas perdas.

“O Governo anda num afã na procura de um bode expiatório [para o que sucedeu em Pedrógão]. São mais de 15 relatórios e pareceres já pedidos e nenhum deles parece servir para que o Governo assuma as suas responsabilidades”, afirmou Hugo Soares, ironizando que a conferência de imprensa da ministra na quinta-feira sobre esses pareceres mais parecia uma “crónica jornalística” do que uma comunicação do Governo.

“A senhora ministra da Administração Interna é muito rápida a relatar os factos, parece querer com muita vontade encontrar responsáveis na sua hierarquia e no ministério que tutela, mas ainda não teve a coragem nem a hombridade nem a capacidade nem a responsabilidade de assumir a sua própria responsabilidade política”, apontou ao final desta manhã o líder parlamentar do PSD em conferência de imprensa na sede distrital do partido em Faro sobre Constança Urbano de Sousa.

Realçando que “todos os pareceres conhecidos parecem apontar para falhas generalizadas em vários serviços e direcções-gerais tuteladas pelo Ministério da Administração Interna (MAI)”, Hugo Soares lamentou que “nem isso sirva para que a senhora ministra assuma aquela que é a sua responsabilidade política”. Questionado sobre se o PSD tenciona pedir a demissão da MAI, o deputado recordou que no debate do estado da nação “o primeiro-ministro disse que ele é que respondia pelos seus ministros” e vincou que a “escolha dos membros do Governo é uma responsabilidade última do primeiro-ministro”.

“O nosso foco é a responsabilidade política do Governo no seu todo e do primeiro-ministro”, insistiu o dirigente do PSD, e disse que o que o seu partido quer é que o Executivo, “em vez de procurar constantemente este passa-culpas (…) assuma a responsabilidade política de começar a indemnizar os familiares das vítimas da tragédia de Pedrógão Grande”. E pediu a António Costa que aproveite esta sua ida para assistir ao arranque das obras de recuperação e, “sem se refugiar atrás das câmaras de televisão e dos seus ministros, para pedir desculpas e explicar olhos nos olhos aos familiares das vítimas (…) porque o Governo e o PS não apoiaram a iniciativa do PSD [e do CDS e PCP] para criar um mecanismo rápido e fácil de os indemnizar”.

Respondendo às críticas dos socialistas de que o PSD está a fazer aproveitamento político desta questão, Hugo Soares retorquiu que são os ministros e secretários de Estado que andam a “passear-se” pelas zonas afectadas pelo incêndio a “assistir ao lançamento de obras com os donativos dos portugueses, para com isso poderem fazer a sua propaganda eleitoral - que é aquilo em que o Governo é especialista, ao invés de assumir a sua responsabilidade”.

Esta pressão do PSD surge um dia depois de o CDS-PP ter insistido na necessidade de a ministra da Administração Interna se demitir, assumindo finalmente a sua quota de responsabilidade nos acontecimentos do incêndio de Pedrógão Grande e Castanheira de Pera que provocou a morte de 64 pessoas. Os sociais-democratas têm feito questão de não pedir a demissão de Constança Urbano de Sousa, exigindo antes que a ministra assuma publicamente culpa pela desorganização do socorro às populações e combate ao fogo.

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