Presidente interino da concelhia do PSD-Lisboa quer eleições antecipadas

Candidatura de Teresa Leal Coelho e distrital tentam neutralizar grupo liderado pelo actual presidente interino da concelhia Rodrigo Gonçalves.

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PSD de Lisboa em convulsão após saída de presidente EVR ENRIC VIVES-RUBIO

O presidente interino da concelhia do PSD-Lisboa, Rodrigo Gonçalves, pediu ao secretário-geral do partido a convocação de eleições antecipadas por considerar que não tem “legitimidade” para exercer o cargo na “plenitude” as funções. As eleições só estavam previstas para depois das autárquicas, em Outubro, mas Rodrigo Gonçalves "herdou" o cargo após a demissão de Mauro Xavier.

“Aceitar ser presidente da Concelhia de Lisboa sem a legitimidade do voto dos militantes seria um mau serviço ao meu partido”, sustentou o presidente interino, numa carta com data desta sexta-feira a que o PÚBLICO teve acesso. O dirigente pede que as eleições de realizem até 26 de Maio e assegura que só assim poderá “ajudar a ganhar Lisboa”. Mas o seu grupo está a ser afastado pela candidatura de Teresa Leal Coelho e pela distrital do partido. Os nomes propostos pelo núcleo central (liderado por Rodrigo Gonçalves) da concelhia para as juntas de freguesia foram excluídos da lista apresentada pela candidata e pela distrital. Foi essa lista de 19 nomes que levou à demissão de Mauro Xavier.

A recandidatura do pai de Rodrigo Gonçalves, Daniel Gonçalves, que é presidente da junta das Avenidas Novas, poderá também ser travada pela distrital, apurou o PÚBLICO, apesar de a concelhia já ter aprovado uma moção em que todos os cinco actuais presidentes de juntas voltariam a ser candidatos nas próximas autárquicas. Na próxima semana, a distrital deverá aprovar os candidatos às juntas que depois serão validados na comissão política nacional, marcada para dia 27.

Segundo noticiou o Observador, na passada semana, os socialistas da Junta de São Domingos de Benfica apresentaram uma queixa-crime por suspeita de participação económica em negócio contra a anterior gestão de Rodrigo Gonçalves, a propósito de um conjunto de ajustes directos. O antigo presidente da junta e quadro da Gebalis (empresa municipal dos bairros sociais) defende-se, dizendo que todas as decisões foram tomadas pelo órgão colectivo. O certo é que este grupo – que representa metade dos votos internos do PSD em Lisboa – está a ser afastado da candidatura de Teresa Leal Coelho. Na reunião da concelhia de quinta-feira à tarde, Rodrigo Gonçalves acabou por retirar as suas propostas de nomes para as juntas e votar favoravelmente a lista “imposta por Teresa Leal Coelho e por Pedro Passos Coelho”, segundo o próprio, argumentando que o fez em nome da “união e coesão” do partido. Em 16 elementos da comissão política, só Mauro Xavier votou contra, os restantes votaram a favor.  

Caso as eleições antecipadas não se concretizem, a comissão política concelhia pode cair quando ficar sem quórum, já que uma das vogais, Alexandra Barreiras Duarte (vereadora que tem substituído Fernando Seara e Teresa Leal Coelho) anunciou a demissão e outras saídas podem vir a concretizar-se, segundo fontes contactadas pelo PÚBLICO. Caso a concelhia venha a cair, o processo eleitoral autárquico fica todo nas mãos da distrital.

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