Presidente da República reforça urgência na concretização da reforma do poder local

Foto
Marcelo na conferência do poder local em Loures LUSA/MÁRIO CRUZ

O Presidente da República reforçou neste sábado a urgência de concretizar a reforma do poder local, notando que é preciso aproveitar o consenso generalizado que existe, porque essa "conjugação astral pode deixar de existir".

"Há condições únicas de conjugação nas várias instituições para que o passo possa ser dado, não sei se elas são repetíveis daqui por uns anos", alertou o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, numa intervenção no encerramento da conferência nacional 40 anos do poder local democrático, que decorreu em Loures.

Sublinhando que "política faz-se com mulheres e homens de carne e osso" e com pessoas concretas, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que existem momentos em que "há pessoas concretas apostadas numa determinada mudança e essa conjugação astral pode deixar de existir noutra conjuntura completamente diversa".

À saída da conferência, organizada pela câmara de Loures, em declarações aos jornalistas, o Presidente da República reforçou a ideia de que neste momento há um consenso com as "pessoas concretas que estão na Presidência da República, no Governo, no Parlamento de uma forma generalizada nas diversas bancadas para se fazer a reforma do poder local, para reforçar o poder local".

"Este é o tempo adequado antes que fiquemos muito próximos das eleições autárquicas. Neste momento há essa vontade, pode deixar de haver no futuro, nunca sabemos. Acho que é um bom astral, neste momento em que há este consenso tão generalizado", vincou.

Ainda na sua intervenção, o Presidente da República tinha também reiterado o orgulho que é fazer parte da "família autárquica", recordando os seus tempos como autarca, primeiro em Cascais, depois em Lisboa e em Celorico de Basto, considerando que ser autarca é "uma grande aventura e um grande de desafio", porque não se "gere papéis", mas lida-se com pessoas e com os seus problemas concretos.

"O poder local consegue fazer a sopa de pedra, resolver problemas com escassíssimos meios", salientou.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda uma "palavra de elogio" pelo "percurso exemplar" do actual presidente da câmara de Loures, Bernardino Soares, que deixou de exercer "funções nacionais" como líder do grupo parlamentar do PCP para assumir funções locais.

Momentos antes, Bernardino Soares, que entregou a chave da cidade de Loures ao Presidente da República, tinha já falado sobre a opção que fez de deixar a Assembleia da República, sublinhando que "ser autarca num município ou numa freguesia não é em nada inferior a qualquer outro cargo nacional".

À saída da conferência, o Presidente da República voltou ainda a ser questionado sobre a polémica em torno da Taxa Social Única (TSU), reiterando que sobre essa questão não tem "nada a acrescentar".

Marcelo Rebelo de Sousa foi também interrogado sobre a possibilidade de o PSD voltar a juntar-se ao PCP e ao BE 'contra' o Governo na questão das parcerias público-privadas da Saúde, mas escusou-se a pronunciar-se sobre "cenários".

"Neste momento não há nenhuma iniciativa legislativa em curso, eu só me pronuncio sobre iniciativas legislativas concretas, não sobre cenários. Não vou 'cenarizar'", disse Marcelo Rebelo de Sousa, que voltou igualmente a recusar a ideia de que existe qualquer tipo de crispação na sociedade portuguesa.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários