Presidência da República terá também uma “sede” no Porto

Marcelo Rebelo de Sousa combinou com a Associação Comercial do Porto que utilizará o Palácio da Bolsa, onde esta quinta-feira já fez a reunião semanal com o primeiro-ministro.

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Reunião entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa realizou-se na biblioteca do palácio da Bolsa, no Porto Fernando Veludo/NFactos

Pode ser no Porto como já tinha sido no Alentejo e como pode ser em Vila Real, Bragança ou noutro ponto qualquer do país. O Presidente da República considera que “não há razão nenhuma” para que a reunião semanal com o primeiro-ministro decorra sempre em Lisboa, no Palácio de Belém. Muito menos quando os dois responsáveis até estão ambos fora da capital, como hoje aconteceu, com Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa a inaugurarem o I3S (Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto). Presidente e primeiro-ministro fizeram a seguir a reunião habitual das quintas-feiras na biblioteca do Palácio da Bolsa, propriedade da Associação Comercial do Porto (ACP), e o mais certo é que Marcelo venha a cumprir outros compromissos do género neste mesmo espaço, convertendo-o numa segunda sede da Presidência.

"Pode ser o começo de uma experiência, com a colaboração da Associação Comercial do Porto, que é ter uma sede no Porto para este efeito, quando o Presidente estiver no Porto", disse Marcelo aos jornalistas, ao entrar para a reunião com António Costa no Palácio da Bolsa. E recordou que "já houve uma experiência em pequeno, similar”, quando a 22 de Abril se reuniu em Évora com o primeiro-ministro, durante a iniciativa Portugal Próximo, no Alentejo”.

A próxima “reunião descentralizada” com o primeiro-ministro deve acontecer mesmo no Palácio da Bolsa, dado que Presidente e primeiro-ministro voltam ao Porto nas próximas semanas, avançou Marcelo. Depois, em Julho, o Presidente da República realiza o segundo Portugal Próximo, desta vez dedicado ao interior transmontano, e admite que o encontro semanal com o chefe do executivo "pode acontecer em Vila Real ou em Bragança".

O presidente da ACP, Nuno Botelho, não esconde que está feliz por emprestar a casa ao Presidente da República, para este fazer dela uma “sede”. “Em 105 anos de República nunca se fez nada do género. Penso que inaugura uma nova forma de estar na Presidência e no país”, congratulou-se Nuno Botelho, aplaudindo o “sinal extraordinário e inovador” que Marcelo dá assim ao Porto – cidade que o Presidente visitou logo no dia a seguir à tomada de posse, para lembrar que “Portugal não é apenas Lisboa”, como recordou esta quinta-feira o próprio Marcelo.

Sede da ACP, fundada em 1834 no rescaldo dos movimentos liberais, o Palácio da Bolsa, com mais de 170 anos de história, “tem origem na noite de 24 de Julho de 1832, durante o Cerco do Porto, altura em que se dá um gigantesco incêndio no [contíguo] Convento de S. Francisco, do qual resta a actual igreja. Sobre as ruínas do antigo convento, posteriormente doadas por D. Maria II, os comerciantes do Porto construíram o Palácio da Bolsa, para que nele se estabelecesse a bolsa do comércio e o tribunal de primeira instância”, escreveu a ACP numa nota garbosamente distribuída aos jornalistas.

O que foi dito na reunião entre Presidente da República e primeiro-ministro ficou na biblioteca do Palácio da Bolsa. António Costa não quis falar à saída e Marcelo Rebelo de Sousa não se quis alongar à entrada, quando questionado se ia abordar o tema dos contratos de associação com colégios. “Tudo aquilo que é importante na actualidade é sempre tratado nas reuniões com o primeiro-ministro”, deixou ficar.

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