Pontal é “fixe”, mas já não é aquilo que era

Numa festa morna, os sociais-democratas apresentaram os seus objectivos autárquicos para a região do Algarve.

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Manuel Barra é emigrante no Canadá, de 73 anos Miguel Manso

Repetiu-se o ritual da festa de Verão do PSD, sem grandes emoções. De todo o país, os militantes e simpatizantes juntaram-se à beira-mar, no Algarve, para preparar o mergulho na campanha para as autárquicas. “O pessoal está aqui porque é fixe!”, diz Bernardino Cruz, vindo da Maia, para se juntar ao grupo dos militantes e simpatizantes, que no final da tarde de domingo, no Calçadão de Quarteira, ouviram a mensagem do líder do PSD, Pedro Passos Coelho.

"A bem dizer", acrescenta Bernardino, “a mensagem política escapa muitas vezes”. O que o motivou este militante a levantar-se às 6h30 da manhã, para ir ao Pontal foi o convívio: “Gosto disto”, proclama, adiantando que é a terceira vez que cumpre a tradição, na festa laranja. Da sua concelhia, diz, seguiram quatro autocarros. No final da noite, quando as bandeiras recolherem e os aplausos terminarem, será o regresso a casa. Não é muito cansativo? “Não, de forma de alguma, é por gosto não cansa”.

O antigo deputado e dirigente do PSD-Algarve, Mendes Bota, actualmente em funções diplomáticas (ligadas aos Direitos Humanos) na União Europeia, retrata:  “O Pontal passou a ser a festa nacional do PSD, perdeu o espírito da militância regional, mas ganhou outra dimensão”.

De resto, partiu dele a ideia, em 2010, de fazer a festa em Quarteira, com cheiro a mar. Na política terra-a-terra de 2017, com as autárquicas no horizonte, os candidatos parecem estar mais preocupados com os objectivos imediatos do que com as leituras da política. Uma das ausências notadas neste evento foi a do presidente da câmara de Faro, Rogério Bacalhau, que optou por estar em Monsanto, a participar no concurso da RTP para a eleição das “sete maravilhas das aldeias portuguesas, onde Estoi (Faro) é um das terras seleccionadas.

Do concelho de Faro, quem se fez notar na festa-jantar, foi Manuel Barra, um emigrante no Canadá, de 73 anos de idade. O sol já se estava a esconder no horizonte, mas o chapéu de palha do ancião ainda permanecia na cabeça. “Elas gostam do chapéu”, graceja. Da política, revela o seu cartão de visita: “Sou emigrante há 51 anos no Canadá, e do PSD”. Por isso, estar na festa do Pontal, “é uma coisa natural, estamos entre amigos”.

Delfina Alves, militante de Faro, também foi à festa para “ver o ambiente”. Das eleições autárquicas, admite, “podia ser candidata a um lugar, mas acham que eu não tenho perfil”, lamenta. O presidente da distrital do PSD, David Santos, aproveitou a oportunidade para dar a conhecer os cabeças de lista em cada um dos 16 concelhos. A coligação PSD/CDS, em Portimão, é liderada por José Pedro Caçorino, centrista. Em Olhão, dá-se uma  situação inédita: O PSD apoia o socialista Luciano Jesus, que é presidente de junta de freguesia de Olhão, foi presidente da concelhia do PS, e agora surge como candidato independente. Com esta estratégia, a distrital do PSD entende que pode vir a retirar a câmara ao PS, que lidera o município desde o 25 de Abril.

O PS, no Algarve, mantém a convicção de que vai manter a liderança da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), porque prevê conquistar a maioria da presidência das 16 câmaras da região. A grande incógnita é Faro, que geralmente muda de quatro em quatro anos. Desta vez, o social-democrata Rogério Bacalhau está bem colocado para repetir o mandato. Por seu lado, o PS também aposta forte, para reconquistar a capital do distrito. A reedição da festa da Pontinha, com a presença de António Costa, no próximo dia 26, insere-se na estratégia do PS voltar a quer medir forças com PSD, em terras algarvias e a nível nacional. Desta vez, o braço-de-ferro no campo das autárquicas é em Faro. O candidato socialista é o deputado e líder do PS-Algarve, António Eusébio.

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