PCP quer campanha reforçada pela vacinação, incluindo migrantes e pessoal da saúde

Projecto de resolução do PCP recomenda também o reforço financeiro do Plano Nacional de Vacinação e medidas para aumentar a produção nacional de vacinas.

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Marco Duarte

Perante o surto de sarampo, os casos mortais dele decorrentes e a polémica sobre as vacinas entretanto ressuscitada, o PCP recomenda ao Governo que tome medidas de sensibilização para a importância da vacinação, incluindo acções de contacto dos profissionais de saúde junto das crianças não vacinadas e das comunidades migrantes, uma maior articulação entre as unidades de saúde e as escolas, e promova campanhas na TV e rádio públicas sobre as vantagens da vacinação.

O projecto de resolução da bancada comunista entregue no Parlamento esta sexta-feira recomenda ainda ao Executivo socialista que se faça a vacinação dos profissionais de saúde, bombeiros, professores, educadores e trabalhadores das escolas, descreveu a deputada Carla Cruz em declarações aos jornalistas, argumentando que o número de casos de sarampo - mas também de outras doenças - entre os profissionais de saúde é muito significativo devido à variedade de situações com que estão confrontados diariamente nas suas funções.

Recorde-se que a adolescente de 17 anos que faleceu no Hospital Dona Estefânia há duas semanas, na sequência de uma pneumonia bilateral, terá sido contagiada com sarampo por um bebé portador da doença no Hospital de Cascais - ambos não estavam vacinados. O bebé contagiou também vários profissionais de saúde e a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde está a investigar as circunstâncias em que ocorreram os contágios.

"É preciso passar a mensagem de que a vacinação é importante para a prevenção e controlo de várias doenças", vincou Carla Cruz, defendendo que esta é uma questão de "saúde pública" e que a "obrigatoriedade da vacinação deve ser debatida na sociedade portuguesa". O Parlamento vai discutir esta matéria nas próximas semanas na Comissão de Saúde fazendo audições a diversas entidades.

O texto dos deputados do PCP inclui ainda a recomendação para que o Governo dote o Programa Nacional de Vacinação de "meios humanos, técnicos e financeiros adequados" para que este possa ser aplicado a todas as crianças e jovens. Porque, especificou Carla Cruz, "apesar de o director-geral da Saúde ter afirmado no Parlamento que havia um número significativo de vacinas prontas para responder às necessidades, o PCP recebeu denúncias de que faltam vacinas na região de Lisboa e Vale do Tejo para crianças de dois e quatro meses".

Este é um problema decorrente da dependência externa de Portugal no que toca às vacinas. "O país tem que tomar medidas mais de fundo para passar a produzir as vacinas que os laboratórios não querem produzir" de modo a garantir a disponibilidade e previsibilidade de stocks, defendeu a deputada do PCP. 

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