PCP fala em depressão do sector produtivo, Governo responde com aceleração económica

"Apanhámos um comboio a desacelerar e o comboio está hoje a acelerar e a crescer 2,8%", afirmou o ministro da Economia.

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Caldeira Cabral falou sobre a aceleração da Economia LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
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Dois ministros marcaram presença no debate LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
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Francisco Lopes tomou a palavra pelo PCP LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O PCP traçou hoje um cenário de depressão dos sectores produtivos portugueses, fruto de constrangimentos externos e da "política de direita" de PS, PSD e CDS-PP, enquanto o Governo assumiu a paternidade de uma economia em aceleração.

"Décadas de política de direita, os Pactos de Estabilidade e Crescimento e o pacto de agressão subscrito por PS, PSD e CDS com a 'troika' e aplicado pelo Governo PSD/CDS, com entusiasmo e toda a brutalidade que se conhece, conduziram Portugal à dependência, às injustiças e ao atraso", afirmou o deputado comunista Francisco Lopes, num debate parlamentar de interpelação do PCP ao executivo sobre produção nacional.

O ministro da Economia, Caldeira Cabral, preferiu citar os dados positivos da economia e rejeitou tratar-se de uma trajectória herdada do executivo anterior, salientando o "crescimento do investimento, emprego e exportações num conjunto diversificado de setores".

"As empresas portuguesas conseguiram reverter a desaceleração que vinha de 2015, voltando a acelerar o investimento, o emprego e as exportações. Há um ano, a economia estava a crescer 0,9%, hoje está a crescer três vezes mais. Apanhámos um comboio a desacelerar e o comboio está hoje a acelerar e a crescer 2,8%", afirmou.

O responsável da Economia elogiou a "política responsável que, ao mesmo tempo que promoveu melhores condições para o investimento, repôs rendimentos, contribuindo para reforçar a confiança de consumidores e empresas e, ao mesmo tempo, conseguiu o que muitos disseram ser impossível - reduzir o défice público para o mais baixo dos últimos 43 anos (2,1%) e o melhor saldo externo dos últimos 22 anos", além do "crescimento trimestral mais elevado desde 2007".

"O crescimento da economia portuguesa acelerou e atingiu máximos dos últimos nove anos. Aconteceu apenas depois do actual Governo estar em funções, não vem do passado. Aconteceu ao mesmo tempo que o crescimento se manteve na Europa, não foi a conjuntura europeia que mudou", vincou Caldeira Cabral.

Francisco Lopes, embora reconhecendo as "medidas de defesa, reposição e conquista de direitos que, ao contrário do proclamado por PSD/CDS, contribuíram e contribuem para o crescimento e desenvolvimento económico", traçou um cenário de depressão dos setores produtivos e estratégicos da economia nacional.

"Em 2016, o país estava ainda abaixo do que produzia em 2005, mais de uma década perdida", lastimou, referindo as diversas privatizações, os "valores recorde de desemprego" - "que continua estruturalmente elevado" -, a "emigração de centenas de milhares de trabalhadores", a diminuição dos salários e os "2,6 milhões de portugueses que vivem ainda abaixo do limiar da pobreza".

Para o dirigente do PCP, "por muito importante que seja o crescimento económico neste ou naquele trimestre, tal não pode servir para ocultar a necessidade de medidas que assegurem um desenvolvimento sólido e consistente: a "libertação da submissão ao euro" e "instrumentos de chantagem associados", a "renegociação da dívida pública", o "controlo público da banca" e a "defesa e promoção dos sectores produtivos" (minério, mar, indústria agroalimentar, energias renováveis, turismo).

O ministro da Economia destacou o crescimento nas exportações de vários sectores de actividade: 22% em produtos metálicos, 16% no sector químico, 18% nos produtos alimentares e, "mesmo o turismo, que já estava a crescer 9,7%, passou para 12,4%".

O membro do Governo socialista destacou ainda a "forte ênfase no crescimento futuro" (qualificações, modernização administrativa e excessivo endividamento), classificando-a como "uma reforma estrutural extremamente importante", citando o conjunto de programas que estão já accionados como o "Capitalizar", "Qualifica" ou "Simplex", sem esquecer o investimento nas novas tecnologias e na digitalização da economia.

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