Paulo Rangel defende federalismo europeu para evitar a guerra

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“O cenário alternativo [ao federalismo] é o caos", defendeu Paulo Rangel Nuno Ferreira Santos

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel defendeu a necessidade de a Europa caminhar para o federalismo sob pena de se desmoronar e cair no caos. Paulo Rangel esteve nesta sexta-feira na Universidade de Verão social-democrata, em Castelo de Vide, numa sessão em que participou também Manuela Franco, ex-secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e uma eurocéptica assumida.

O antigo candidato à liderança do PSD explicou as razões que deveriam conduzir ao federalismo na Europa. “O cenário alternativo é o caos, vai fazer regressar a Europa à sua tradição que é a de resolver os conflitos através de guerras”, afirmou Paulo Rangel, lembrando as tensões que há entre alguns povos europeus e que só se diluem se existir uma instituição “guarda-chuva”.

A perda de soberania é um argumento que não faz sentido na tese de Rangel, já que, numa Europa federal, os países pequenos têm uma representação efectiva nos órgãos decisores. E dá um exemplo: “Quando tínhamos uma moeda nacional, o Bundesbank [o banco central alemão] definia uma taxa e o Banco de Portugal limitava-se a segui-lo. Hoje Portugal está representado no Banco Central Europeu”. O modelo que existe actualmente, prosseguiu, é uma “constituição aristocrática entre os países grandes e os mais pequenos”. O antigo líder parlamentar acrescentou ainda outro argumento para defender o federalismo: o de tornar “a Europa capaz de actuar como um bloco” face a outras potências.

Paulo Rangel falava para os 100 alunos, quase todos com o seu mais recente livro autografado. Os participantes aproveitaram um inesperado compasso de espera para pedir ao eurodeputado uma assinatura no título “Uma democracia sustentável”, que lhes foi distribuído pela organização.

Na réplica a esta argumentação, Manuela Franco começou por dizer que “discorda de todos os argumentos” de Paulo Rangel. Defendendo que a Europa vive “uma situação de mistificação”, a antiga secretária de Estado sustentou que “o federalismo vem tarde” e que “tem de se encontrar uma solução que case a intergovernabilidade com a legitimidade dos governos nacionais para ser durável.”

A legitimidade do Parlamento Europeu foi questionada. “Embora seja eleito não pode deitar a Comissão [Europeia] abaixo, ou seja, não é soberano”, argumentou Manuela Franco. “Isso é o maior disparate”, contestou Paulo Rangel, momentos depois, já na fase em que ambos respondiam a perguntas dos alunos.

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