Passos sugere que não pode haver pressa no "Brexit"

No momento da decisaão sobre a saída do Reino Unido, a direita aproveita para reiterar a confiança no projecto europeu

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Pedro Passos Coelho falou na sede do PSD Enric-Vives Rubio

Num movimento contrário àquele que foi o mais comum um pouco por toda a Europa, Pedro Passos Coelho defendeu ontem, em conferência de imprensa na sede do PSD, que a saída do Reino Unido da União Europeia não pode ser rápida nem precipitada. “Julgo que é importante reafirmar que, como portugueses, estamos convictamente na Europa e no projeto europeu. Coisa diferente é querer artificialmente apressar as negociações, de maneira a pôr tão rapidamente quanto possível um ponto final neste processo, de modo a evitar um efeito de contágio político que pudesse ser seguido por outros países.”

O líder dos sociais-democratas aproveitou também para reiterar a confiança no projecto europeu e defendeu que devem evitar-se “excessos de dramatização”, apesar da saída britânica não poder ser desvalorizada. “Devemos evitar nesta altura quer excessos de dramatização quer a pura desvalorização da decisão do referendo britânico”, disse Pedro Passos Coelho, comentando a vitória do ‘brexit’ no referendo no Reino Unido.

Também ao contrário do que foram as declarações da esquerda que está comprometida com a geringonça, Passos disse que é preciso reafirmar, com convicção, o envolvimento português no actual projecto europeu. “Ele tem representado para Portugal uma esperança de modernização, progresso e estabilidade e creio que essa é a forma como os portugueses, de modo geral, encaram a nossa pertença europeia.” E acrescentou: “Recomendaria ao Governo português, como a todos os governos europeus, que pudessem maximizar as suas próprias responsabilidades procurando tomar decisões em matéria de política e financeira, mas também em termos de política geral, que reforcem a responsabilidade de cada país para que a nossa resposta colectiva possa ser mais assertiva e ao mesmo tempo mais robusta para enfrentar este tipo de dificuldades.”

Antes de Passos, foi Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, que reagiu aos resultados britânicos, a partir da Assembleia da República. “É preciso enfatizar que nós estamos sobretudo dependentes de nós próprios, os riscos que impendem sobre Portugal, nomeadamente na política orçamental e na política económica são riscos de natureza interna”, assumiu o social-democrata. “Não devemos acrescentar problemas à nossa afirmação como uma das partes de construção desta Europa unida”, sublinhou Luís Montenegro. “É evidente que a política económica que o Governo tem seguido e a política financeira têm exposto Portugal a uma situação de vulnerabilidade maior que deve ser evitada.”

O deputado social-democrata pediu que não se sujeite Portugal a uma situação de vulnerabilidade. “As instituições portuguesas devem reflectir sobre o que tem sido o nosso caminho”, destacou. Mas considerou que é altura de em Portugal se fazer um debate “sério e profundo” sobre o papel do país no processo de construção europeia e sobre o caminho que tem de ser percorrido.

Pelo CDS, a líder Assunção Cristas desabafou que “este é um dia de alguma tristeza. A União Europeia está a sofrer uma consternação profunda”, pelo que considera que os portugueses têm de “respeitar naturalmente aquilo que foi o resultado da escolha dos cidadãos do Reino Unido”, afirmou Cristas.

“Em Portugal temos de dar um exemplo de tranquilidade, de reflexão e também de algum optimismo. Este é um momento de inquietude e de transformação mas saberemos estar à altura de o ultrapassar”, acrescentou. E não deixou de referir que há “evidentemente um risco” de contágio, tanto que já se vêem “populismos por toda a Europa a falarem nesse sentido”.

Ainda do lado do CDS, Pedro Mota Soares lamentou o “brexit” e anunciou que o CDS vai convidar a embaixadora britânica em Lisboa, Kristy Hayes, para ir à Comissão dos Assuntos Europeus discutir “os próximos passos e o que é que vai acontecer do ponto de vista da negociação que se inicia agora”. 

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