Passos: Resultados do Governo “não são demasiado maus”

Líder do PSD defende que com estratégia do anterior executivo recuperação económica seria “sensivelmente mais forte”.

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Nuno Ferreira Santos

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, defendeu que a alternativa que o actual Governo alega ter às políticas de austeridade é “falsa” e tentou demonstrar essa conclusão através de vários indicadores económicos. Num artigo de opinião na newsletter do partido, Passos Coelho reclama para o Governo chefiado por si parte dos resultados económicos agora alcançados. Resultados esses que – reconhece – “não são demasiado maus”.

No texto, o líder social-democrata começa por apresentar o ponto de vista dos socialistas sobre os resultados económicos alcançados, nomeadamente ao nível do emprego, desemprego, crescimento económico e investimento. “Segundo os socialistas, estes resultados comprovam que a austeridade dos anos anteriores era desnecessária e só aconteceu por obsessão ideológica do governo que chefiei. Como costumam dizer, fica provado por esta solução de governo que, afinal, havia mesmo alternativa. Sem surpresa não têm razão”, escreveu.

Passos Coelho faz a distinção entre a situação que encontrou em 2011 e a actual. E conclui que “se hoje temos espaço de manobra para ter mais escolhas nas políticas públicas, isso deve-se tão só ao facto de termos sido bem-sucedidos na estratégia de recuperação nacional que o anterior governo pôs em prática”.

O antigo primeiro-ministro contesta a ideia de que a recuperação económica se deve à estratégia “acertada” do actual Governo. “A recuperação dos indicadores mais relevantes iniciou-se ainda em 2013, com excepção do investimento que só começou a recuperar mais intensamente em 2015”, contrapôs, detalhando os números: “A população empregada cresceu cerca de 176 mil entre 2014 e 2016, mas destes quase 120 mil referem-se a 2014 e 2015”.

O mesmo argumento foi usado para as exportações e para o investimento. Passos Coelho indicou também os números do crescimento económico, lembrando que a “economia cresceu 0,9% e 1,6% respectivamente em 2014 e 2015”, enquanto no ano passado, a economia cresceu apenas 1,4% “abrandando, assim, o ritmo que vinha de trás”.

Como o líder do PSD considera que o actual Governo não aproveitou os benefícios da conjuntura externa (como o preço do petróleo), a conclusão é que a estratégia do executivo PSD/CDS teria dado melhores frutos. “É lícito supor que, se a estratégia defendida pelo governo anterior tivesse prosseguido, a recuperação económica e do emprego seria sensivelmente mais forte, porque mais forte seria também a recuperação do investimento”, sustentou.

Assumindo a necessidade de uma estratégia que aponte para um crescimento “capaz de gerar poupanças para pagar dívidas e investir no futuro, melhorando o nível e a qualidade do emprego ao mesmo tempo que suporta uma sociedade com menos desigualdades”, Passos Coelho defende uma “agenda reformista” na qual o PSD trabalha. “Enquanto esta maioria governar, o país poderá ser sujeito à ilusão de que tudo vai decorrendo com aparente normalidade e com resultados que não são demasiado maus. Mas o país continuará adiado”, escreveu.

A falta de uma agenda reformista e a aliança com a “esquerda radical” levou, segundo Passos Coelho, a medidas como o aumento do salário mínimo e a necessidade de uma compensação por via da TSU. “Resultado: o número de trabalhadores a auferir o salário mínimo passou de perto de 400 mil no primeiro trimestre de 2014 para quase um milhão no final de 2016”, observou, considerando que o Governo aplicou um “modelo de crescimento com baixos salários, enquanto apregoava um modelo baseado em valor acrescentado”.

Na análise da “menina dos olhos dos socialistas”, a redução do défice público, Passos Coelho reitera que a diminuição foi conseguida à custa de uma quebra do investimento público e de receitas extraordinárias como o programa de regularização de dívidas fiscais. 

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