Prazo de estabilidade imposto por Marcelo gera leituras diversas à direita

Esquerda é parca em comentários e prefere desvalorizar declarações do Presidente da República: porta-voz do PS não quer falar, BE diz que estabilidade depende dos partidos na AR, PCP coloca membro do Comité Central a falar no Seixal.

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Pedro Passos Coelho fez um balanço negativo dos primeiros seis meses de Governo DR

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, afiançou que todas as intervenções do chefe de Estado são “para levar a sério”, mas há sociais-democratas a encarar com uma certa desconfiança as declarações do Presidente da República que encurtou o prazo de estabilidade do Governo para as autárquicas, ou seja, o Outono de 2017. O CDS optou por desvalorizar.

Dirigentes e deputados sociais-democratas ouvidos pelo PÚBLICO consideram que não faz sentido colocar todo o foco nas autárquicas. Até porque são eleições de risco para o PSD: Lisboa e Porto já são quase dadas como perdidas e somar câmaras às que têm é difícil uma vez que muitos presidentes de municípios socialistas estão ainda no estado de graça do primeiro mandato. Por outro lado, o PSD aposta tudo nas dificuldades económico-financeiras – como Passos Coelho fez esta quarta-feira à tarde – como o motivo que irá levar a uma crise política. E não em qualquer intervenção do Presidente da República.

O destinatário das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa – o Governo com apoio do PCP e BE ou o próprio PSD? – dividiu as opiniões. Há quem considere que o recado é para todos, Governo e oposição.

De qualquer forma, o líder do PSD deu nota de que registou as declarações do Chefe de Estado – “as intervenções devem ser levadas a sério”, disse, em conferência de imprensa na sede do partido - e voltou a sublinhar que não se espera que um Presidente “dê voz aos partidos”, além de que o partido “tem voz”.

No CDS, Assunção Cristas quis desvalorizar ao dizer que se está a “sobre-interpretar” as declarações do Presidente. A líder centrista disse desejar uma “vida curta” ao Governo – porque está a fazer “mal” ao país – uma ideia que não é partilhada pelo PSD. Passos Coelho já disse não desejar eleições legislativas tão cedo.

À esquerda, a estratégia parece também ser desvalorizar. O porta-voz do PS, João Galamba, recusou comentar o assunto, o BE também não vai muito longe. “A estabilidade do Governo depende dos partidos no Parlamento. Para o Bloco de Esquerda esta estabilidade não depende de nenhum calendário eleitoral, só depende da recuperação de rendimentos”, respondeu o partido ao PÚBLICO, numa declaração escrita.

E o PCP optou por comentar o assunto numa acção no Seixal, através de José Capucho, membro do secretariado do Comité Central, apesar de no evento estar também o secretário-geral, Jerónimo de Sousa. “Não estamos preocupados com afirmações se as coisas vão até às autárquicas ou até ao fim da legislatura; o que pretendemos é continuar a lutar para reconquistar direitos e melhorias para o povo (…) mesmo com as limitações que existem”, afirmou o dirigente comunista, citado pela Lusa, dando como exemplo a iniciativa onde se encontrava, que assinala a reposição dos feriados.

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