Passos diz que sairá pelo próprio pé caso se sinta a mais no PSD

Líder dos sociais-democratas sentiu que podia estar a ser contestado por dirigente do partido.

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Adriano Miranda

Numa das últimas reuniões com os dirigentes das distritais, o líder do PSD quis mostrar desprendimento ao poder e chegou a dizer que, se um dia o partido já não o quiser, vai-se embora por sua iniciativa.

Passos Coelho respondia assim a um dirigente da distrital de Braga que defendeu que o PSD deveria manter a estratégia que tem seguido perante o Governo por não haver alternativas. O dirigente estaria a referir-se a alternativas de estratégia, mas o líder do PSD terá feito outra interpretação das suas palavras e interrompeu-o de imediato. Disse que, se há alternativas, ele não as conhece, mas que, se um dia o partido achar que ele está a mais, sai pelo seu próprio pé, segundo relatos feitos ao PÚBLICO.

O episódio causou alguma tensão já no final da reunião, que decorreu à porta fechada, há perto de duas semanas na sede do partido, em Lisboa. Os dirigentes que estavam na sala consideraram que a intervenção em causa não tinha más intenções, nomeadamente a de questionar a liderança de Passos Coelho. Mas o líder não terá entendido assim. Houve também quem interpretasse a resposta do líder como uma forma de mostrar desprendimento em relação ao poder, uma atitude que não é inédita.

Muitas das intervenções nessa reunião foram no sentido de caucionar a estratégia seguida por Passos Coelho no combate à política do Governo. Foi uma reunião em que não se falou de autárquicas – nem esse ponto constava da agenda –, apesar de as estruturas já estarem concentradas nas eleições de 2017. E aconteceu numa altura em que já era conhecido o nome de José Eduardo Martins como coordenador do programa para a candidatura à Câmara de Lisboa, numa iniciativa que partiu do líder da concelhia de Lisboa, Mauro Xavier, sem o conhecimento da direcção nacional do partido.

Na reunião falou-se de política nacional, em vésperas de apresentação do Orçamento do Estado. E é a proposta orçamental do Governo que vai levar de novo os dirigentes locais e os deputados sociais-democratas aos distritos em sessões públicas. O partido está a preparar uma volta pelo país, à semelhança do que acontecia quando era Governo, mas agora no registo de oposição.

Noutra iniciativa, também em vários pontos do país, o PSD tem promovido o Fórum das Políticas Sociais através de mesas temáticas. Com a coordenação do vice-presidente Marco António Costa, o Fórum tem 11 temas: Segurança Social, Envelhecimento, Infância, Igualdade, Trabalho, Emprego, Concertação Social, Saúde, Educação, Incapacidade e Deficiência e Formação Profissional. O objectivo, segundo fonte da direcção do partido, é “densificar” a proposta do programa de desenvolvimento social apresentado no programa eleitoral de 2015 e promover “políticas inovadoras, capazes de fomentar a empregabilidade”.

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