Passos diz que austeridade está a ser removida devido ao sucesso do seu Governo

Antigo primeiro-ministro sublinha em Bruxelas que, se tivesse havido falhanço, "não era possível dispensar" as medidas de austeridade.

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Passos Coelho foi a Bruxelas encontrar-se com comunidades portuguesas e participar na cimeira do PPE GEORGES GOBET/AFP

Pedro Passos Coelho garantiu esta quarta-feira que o início da remoção das medidas de austeridade pelo actual Governo é uma "espécie de prova dos nove" de que a política do executivo da coligação PSD/CDS "foi bem sucedida".

"Fomos nós, ainda no ano passado, que gradualmente começámos a remover as medidas de austeridade. Esse processo de remoção de austeridade é uma espécie de prova dos nove de que fomos bem-sucedidos", disse o presidente do PSD, em Bruxelas, numa intervenção no âmbito da sua candidatura à liderança do partido.

Para o ex-primeiro-ministro, se tivesse havido falhanço, "não era possível dispensar" as medidas de austeridade.

"Os actuais governantes removem políticas de austeridade porque isso é possível e é possível porque fomos bem-sucedidos", repetiu Passos Coelho, sublinhando que "o problema é saber se, com o afã de querer voltar essa página, não tropeçamos e não temos de voltar atrás".

Perante membros das secções do PSD de Bruxelas, Reino Unido, Alemanha, Luxemburgo e França, Passos Coelho defendeu a necessidade de atrair investimento estrangeiro para Portugal, mas deixou a questão de como convencer industriais a apostar num Governo que "depende no parlamento de forças políticas desconfiadas do sistema financeiro".

O líder 'laranja' questionou como "vender uma história" para dar confiança a investidores internacionais, com a "CGTP, que sempre se recusou a qualquer concertação social que validasse um processo de reforma estrutural, com o PCP, que tem uma posição de aversão à União Europeia ou com o Bloco de Esquerda, que tem combatido a ideia da Europa" defendida pela "grande maioria dos europeus".

Acerca da TAP, o antigo primeiro-ministro pediu mais explicações sobre o "processo de privatização que terá sido reconvertido". "Mas nem o Governo sabe explicar bem como", notou Passos Coelho, recordando que o actual primeiro-ministro, António Costa, garantiu que o Estado iria recuperar 51% da companhia aérea "a bem ou a mal".

"Parece que houve um entendimento para que o Estado recupere 50%, mas não se sabe bem em que termos e em que condições e se isso faz da TAP uma empresa pública ou uma empresa privada", disse Passos Coelho, garantindo que "na Europa toda a gente sabe o que significa" e que "não é um sinal positivo para os investidores e para quem avalia a trajectória da dívida portuguesa".

Em Bruxelas, Passos Coelho também reconheceu os próprios erros, assim como os da troika, mas também as razões para a tomada das medidas.

"A troika cometeu muitos erros, como nós cometemos muitos erros, mas quer a troika quer nós, procuramos fazer aquilo que era preciso fazer para responder aos problemas que existiam", disse o social-democrata, acrescentando que as políticas para esses problemas "eram tudo menos agradáveis do ponto de vista do marketing político".

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