Passos Coelho repudia declarações de Schäuble e critica "graçolas" do Governo

"Não creio que haja nada que justifique que um membro do Governo com essas responsabilidades num país europeu faça esse tipo de advertências públicas", afirmou Passos Coelho sobre o ministro das Finanças alemão.

Foto
Nuno Ferreira Santos

O líder do PSD repudiou esta sexta-feira as críticas feitas pelo ministro alemão das Finanças ao Governo português e lamentou que o executivo tenha reagido com "graçolas" e não de uma maneira formal.

"Eu não creio que haja nada que justifique que um membro do Governo com essas responsabilidades num país europeu faça esse tipo de advertências públicas", afirmou o presidente social-democrata, Pedro Passos Coelho, quando questionado sobre declarações proferidas pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, na quarta-feira, segundo as quais Portugal estava no bom caminho económico-financeiro até mudar de Governo.

Sublinhando que, independentemente do que se pensa sobre o que passa noutros países, Passos Coelho afirmou que não é correcto pronunciar preocupações dessa natureza, admitindo que não viu as declarações de Wolfgang Schäuble "com bons olhos" e que "preferiria largamente que elas não fossem feitas, sobretudo quando se trata de casos que são um bocadinho reincidentes".

"Acho que se deve exigir a quem tem responsabilidades particulares na condução política, económica e financeira, muita prudência no tipo de afirmações que são feitas, como aquelas que fez o ministro das Finanças alemão", insistiu, considerando que esse tipo de preocupações deveriam ser guardadas para reuniões internas do Governo alemão ou para encontros onde estas matérias são tratadas no espaço europeu.

"Mas, que as não fizesse em público, porque ainda que possa estar convencido que as suas preocupações têm razão de ser, a consequência é paradoxal, porque o resultado prático só pode agravar essas preocupações se elas para ele próprio tiverem fundamento. Não faz sentido sequer do ponto de vista racional que haja uma insistência nesse tipo de declarações públicas", disse, numa alusão ao facto de o ministro das Finanças alemão ter dito no Verão que Portugal iria pedir um novo resgate.

Passos Coelho fez ainda referência à reacção do Governo português, lamentando que o executivo liderado por António Costa tenha optado pelas "graçolas".

"Julgo que o Governo português, em vez de reagir a isso com graçolas, o faça sentir de uma forma formal e directa ao Governo alemão", afirmou.

O primeiro-ministro reagiu às críticas feitas pelo ministro das Finanças alemão ao Governo português, dizendo só dar atenção ao que dizem os alemães que conhecem Portugal, sabem do que falam e não se inspiram no preconceito.

Questionado sobre o protesto formal feito pelo eurodeputado do PSD Paulo Rangel, o presidente social-democrata disse não ter sido coordenado com o partido, mas elogiou a iniciativa.

"Apesar de não ter sido combinado só posso elogiar a sua iniciativa porque ela é perfeitamente fundada e correcta", salientou.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários