Passos lembra que socialistas são maioria no Ecofin

Se a culpa por eventuais sanções fosse da União Europeia, seria preciso culpar os socialistas europeus, que estão em maioria entre os ministros das Finanças, diz líder do PSD.

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Martin Henrik/arquivo

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, acusou esta sábado o Governo socialista de estar a desperdiçar a oportunidade de reforçar a credibilidade do país junto dos parceiros europeus e de já estar a ensaiar uma estratégia de desresponsabilização.

"Estamos a desperdiçar oportunidades, todos os dias, de melhorar o sucesso que poderíamos ter tido, se o Parlamento tivesse tido a responsabilidade de respeitar a vontade que o povo português deixou nas eleições", disse Passos Coelho, ao discursar no 42.º aniversário da JSD, no Inatel, em Almada.

O dirigente social-democrata, que falava perante cerca de duas centenas de jovens apoiantes, teceu duras críticas à alegada estratégia socialista de desresponsabilização na venda do Banif, remetendo as culpas para o Governo anterior, da mesma forma que pretende responsabilizar a União Europeia pela eventual aplicação de sanções económicas.

Pedro Passos Coelho lembrou, que, ao contrário do que se pretende fazer crer, a eventual aplicação de sanções não será da responsabilidade da direita europeia, mas dos socialistas europeus. "A maior partes dos países europeus, hoje, tem governos socialistas. O presidente do Eurogrupo, que diz que só não haverá sanções se o Governo português tomar medidas e assegurar para futuro uma trajetória diferente, é socialista. O comissário europeu (...) que trata destes assuntos das sanções, é socialista. Esta matéria foi discutida no Eurogrupo e numa reunião com ministros das Finanças Europeus. Nenhum defendeu Portugal e estava lá uma maioria de socialistas", disse.

"É caso para dizer ao nosso Governo: se a culpa for da Europa, acreditando nas palavras socialistas, então a culpa é dos socialistas europeus. Mas deixem-me ser preciso: a culpa nem é da Europa nem dos socialistas europeus, é de quem gosta sempre de lavar as mãos para não ter de fazer aquilo que é preciso. E este Governo tinha uma oportunidade extraordinária de ter mantido a direcção de credibilidade e confiança na economia portuguesa, que hoje seria bastante importante para Portugal", acrescentou o líder social-democrata.

Pedro Passos Coelho disse, ainda, que os socialistas estão a desperdiçar uma oportunidade de reforçar a credibilidade junto dos parceiros europeus, ao enveredarem por uma estratégia de recriminação, em vez de melhorarem as condições para o crescimento da economia portuguesa e do emprego sustentável a médio e longo prazo.

Passos Coelho deixou claro que não só não concorda com a actual estratégia socialista, como também não acredita numa correcção do rumo traçado, até porque considera haver um "gérmen bloquista" a tomar conta do PS. "O gérmen bloquista tomou conta do PS - não sei se com Syriza ou sem Syriza, não sei em qual das fases -, mas isso preocupa-me porque a bloquização do Partido Socialista só nos pode deixar apreensivos para futuro", afirmou o líder social-democrata.

"Nós tivemos sempre, historicamente, as nossas divergências em relação ao PS. Mas tivemos também, com o PS, uma convergência importante - apesar de todas as divergências -, que garantiu que Portugal fizesse as revisões constitucionais que o haviam de habilitar a não parecer um país mais soviético, quando a União Soviética já tinha desaparecido na queda do muro de Berlim", concluiu Pedro Passos Coelho.

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