Países do Sul da UE defendem fortalecimento da zona euro

Cimeira informal dos sete países aprovou declaração para pressionar reformas na União Europeia. Declaração conjunta propõe convergência económica e resposta urgente aos “novos desafios” na área da “segurança e da defesa”.

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Enric Vives-Rubio
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O primeiro-ministro, António Costa, defendeu a necessidade de “dotar a zona euro de capacidade orçamental”, para permitir maior convergência entre as economias dos Estados-membros da União Europeia, ao falar na conferência de imprensa que encerrou a II Cimeira dos Países do Sul da União Europeia, que este sábado decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. 

António Costa sublinhou ainda a necessidade de “uma maior coordenação das políticas orçamentais, e das políticas orçamentais com as políticas do Banco Central Europeu”, as quais classificou como “condições essenciais para o crescimento e o emprego”. Assim como a conclusão da “união económica e monetária, melhorando os mecanismos de prevenção de riscos, nomeadamente na área da união bancária”. A cimeira reuniu os primeiros-ministros de Portugal, António Costa, de Espanha, Mariano Rajoy, da Grécia, Alexis Tsipras, da Itália, Paolo Gentiloni, e de Malta, Joséph Muscat (também presidente em exercício da União Europeia), e os presidentes François Hollande, de França, e Nicos Anastasiades, de Chipre.

Na declaração conjunta que sai desta cimeira informal, que junta os sete países do Sul da UE e procura funcionar como grupo de pressão interna, está expresso o propósito da convergência económica, para além da “urgência” da União Europeia (UE) de responder aos “novos desafios” na área da “segurança e da defesa”. Mas o texto frisa que, “para atingir esta meta, é essencial” completar a “reforma da União Económica e Monetária” e garantir o fortalecimento da zona euro, de modo a que o euro “cumpra o seu papel original”.

Os elogios de Rajoy

Na conferência de imprensa final — na qual apenas não participou Muscat, que se ausentou logo após o almoço de trabalho —, coube a Rajoy anunciar que a próxima cimeira dos sete será em Madrid, seguindo-se Chipre. O primeiro-ministro espanhol fez uma entusiasmada defesa da UE, que provocou sorrisos entre os seus pares. Isto porque fez questão de frisar que a Europa “continua a ser a região do mundo com mais democracia”, com maior respeito pelos direitos humanos, que possui mais bem-estar e que é a “primeira potência económica do mundo”. Em suma, disse Rajoy, um lugar "para onde todos querem vir e do qual não querem sair.”

Todos os seis líderes que falaram na conferência de imprensa se referiram à necessidade de convergência económica. Tsipras sublinhou que “o Sul da Europa não é nem pode ser o parente pobre da Europa”. E Hollande fez mesmo questão de salientar, referindo-se aos países do Sul e às crises de endividamento que atravessam, que “todos os países fazem esforços consideráveis”.

Hollande tratou também de defender o papel da Europa face aos Estados Unidos — que já tinha feito numa declaração aos jornalistas antes de almoço —, ao afirmar: “O proteccionismo não está no genoma, nem no gene europeu”.

Por sua vez, Gentiloni lembrou que os países do Sul da Europa têm uma história comum e que estão ligados pelo Mediterrâneo, representando 40% da União Europeia. O primeiro-ministro italiano fez também ele uma intensa defesa da União Europeia afirmando que “é necessário reiterar os resultados e os valores europeus”.

E advertiu: “Não é necessário que 2017 seja um ano de crise para a União Europeia, ou um ano de adiamentos, em que há um compasso de espera”. “O mundo não espera por nós", argumentou Gentiloni, "há crises e as crises não podem esperar.”

 

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