Os novos comícios

Em Setembro de 2015, os almoços e jantares são acompanhados pelos discursos.

Fiéis repositórios e transmissores fidedignos das imagens de campanha, os canais televisivos contribuem para a divulgação incessante dos novos usos e costumes políticos. Sem distinção de cores, programas ou candidatos.

Já lá vão os tempos em que os partidos procuravam no medo cénico de uma manifestação ruidosa ou na rendição de uma casa cheia a imagem de pujança que as eleições não confirmavam. Como se os eleitores se tivessem esfumado à boca das urnas. Aprenderam esta lição.

Em Setembro de 2015, longe das didácticas sessões de esclarecimento de outrora, os comícios são repastos. Ou os almoços e jantares são acompanhados pelos discursos. Como aperitivo ou à digestão. E a tradicional carne assada foi substituída pelo portuguesíssimo arroz de pato.

Há outras opções. O 24 Horas da RTP Informação de 24 de Setembro reportou uma nova versão: o comício-churrascada do Bloco de Esquerda em Setúbal. Com reportagem incluída.

“O pessoal do Bloco come a sério”, diz a assadora trajada de branco. Entre outras iguarias passadas pelo lume de carvão, foram despachadas 1500 bifanas. Um número, repetido com surpresa de apetite pelo repórter.

Estes tempos levam à actualização dos conceitos. O sucesso de uma iniciativa partidária pode deixar de medir-se pela afluência e considerar o tamanho das febras, ou fêveras na versão nortenha. São, assim, os novos comícios.

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