Os dois Vítores, Gaspar e Constâncio, vão ter de responder a páginas e páginas de questões

Estas são as questões dos grupos parlamentares do PS, do BE e do PCP na Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do banco.

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Vítor Gaspar, ex-ministro das Finanças, vai ter de responder aos deputados Nuno Ferreira Santos

“Enquanto responsável pela supervisão, percebeu que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) se encontrava subcapitalizada? Em caso de resposta afirmativa, quando e a quem reportou tais necessidades de capital?” Esta é para Vítor Constâncio, mas Vítor Gaspar também tem interrogações à sua espera: “É verdade que, como ministro das Finanças, apoiou a posição da troika de que um aumento de capital da CGD devia ser considerado uma ajuda de Estado? Sendo assim, porque tomou esta posição, sabendo que iria aumentar a dificuldade da operação e limitar as opções de gestão da própria administração da CGD?”

São páginas e páginas de perguntas às quais  Vítor Gaspar, e o ex-Governador do Banco de Portugal, vão ter de responder. Estas são pelo menos as questões levantadas pelos grupos parlamentares do PS, do BE e do PCP na Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do banco.

Entre muitas outras perguntas, o PS quer que Constâncio clarifique se o Banco de Portugal “requereu alguma auditoria específica à CGD” e, se sim, quais as conclusões.

Também os comunistas querem que o ex-Governador diga, e vai fazê-lo por escrito, se acompanhou “alguns dos negócios mais ruinosos do banco público: Espanha, Vale de Lobo, Pescanova, Cimpor” e o que fez na altura para os impedir. Os esclarecimentos exigidos pelo PCP não se ficam por aqui: “Sabia que o XIX Governo avançou com a capitalização da CGD através de um empréstimo obrigacionista com títulos convertíveis em capital, no valor de 900 milhões de euros? Não lhe parece que houve um objectivo claro de posteriormente se privatizar uma parte do capital da CGD?”

E Constâncio tem ainda pela frente muitas folhas com questões do BE: “Qual foi a participação do Banco de Portugal na concepção do plano que resultou na divisão dos activos do Grupo Champalimaud pelo Santander, pelo BCP e pela CGD?”

Vítor Gaspar não terá de enfrentar menos interrogações. O PS quer saber: “A posição que então assumiu perante a necessidade de aumentar o capital da CGD foi de alguma forma determinada ou influenciada por considerar que esta instituição devia ser total ou parcialmente privatizada?” Ou: “A troika transmitiu-lhe a posição de que a CGD devia ser privatizada e não absorver fundos públicos?”, “Recebia com regularidade informação sobre a situação da CGD? Foram elas que o levaram a nomear um novo presidente para esta instituição?”

Também o PCP quer saber se havia intenção do anterior Governo de privatizar parte do capital da CGD. E faltam ainda pontos pouco claros para o BE: “O processo de recapitalização de 2012 foi utilizado pelo Governo como pretexto para cumprir o programa eleitoral do PSD?”

Faltam ainda algumas envolvendo a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, como saber por que razão não optou por uma recapitalização mais folgada. E a pergunta política: “Considerando que em 2011 Portugal estava a viver uma crise sem precedentes não seria de esperar uma actuação mais conservadora e cautelosa que mantivesse uma almofada de segurança para qualquer eventualidade ou para a não concretização dos cenários macroeconómicos ultra-optimistas como os que sustentaram o plano de recapitalização?”

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