O “efeito Moreira” em Coimbra

José Manuel Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, quer reproduzir em Coimbra o sucesso de Rui Moreira no Porto

O movimento Cidadãos por Coimbra não obteve nas autárquicas de 2013 os mesmos resultados do congénere Rui Moreira: Porto, Nosso Partido. Enquanto José Augusto Ferreira da Silva, cabeça de lista do primeiro, foi eleito vereador, Rui Moreira foi o primeiro independente a ganhar a presidência da segunda cidade do país. No primeiro caso, o partido era Coimbra. No segundo, o partido era claramente o próprio Rui Moreira. Os dois têm em comum o facto de terem sido, e de voltarem a ser, apoiados por partidos políticos que desistiram das suas próprias candidaturas. Quatro anos depois, o BE vai apoiar novamente a lista que o Cidadãos por Coimbra apresentar e o mesmo fará o CDS no Porto com a de Rui Moreira, agora a par do PS, que também abdicou de apresentar candidato próprio.

José Manuel Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, começou por ser apontado como candidato do Cidadãos por Coimbra, mas essa possibilidade foi prontamente desmentida. Isso não o impediu de lançar o seu próprio movimento, Nós Somos Coimbra, e de se inspirar no presidente da Câmara do Porto, que convidou para o acto inaugural da campanha. Mas José Manuel Silva dificilmente poderá repelicar o “efeito Moreira”. A experiência de Rui Moreira é a de um projecto político fulanizado, transformado em paradigma do autarca independente e em porta-voz da igualdade de candidaturas entre partidos e movimentos não partidários. Até aqui, a experiência coimbrã destes movimentos tem-se focado nos projectos colectivos de discussão e participação política, que têm reunido a elite intelectual da cidade desde os tempos da Pró-Urbe. Essa tradição está viva, mas desunida: e o mais possível é que os eleitores de Coimbra se deparem com três diferentes movimentos independentes no boletim de voto nas autárquicas.

As candidaturas de movimentos independentes são essenciais para a democracia: são uma concorrência saudável para os partidos, aumentam a participação política e contribuem para diminuir a abstenção. Os partidos têm problemas com os independentes, mas os eleitores não. Mas os independentes vão ter um problema com os eleitores, se reproduzirem as divergências habituais entre partidos que colocam o interesse partidário à frente do interesse das cidades e das pessos que nelas vivem – porque o que isso quererá dizer é que os independentes se estão a partidatizar.

 

 

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