O CDS em part-time de Assunção Cristas

Precisamos de deputados a tempo inteiro, entregues totalmente ao compromisso que assumiram com os eleitores.

Assunção Cristas sustenta que defender as incompatibilidades dos deputados é negativo porque leva à “profissionalização da política”. Raciocínio demagógico que só se compreende na lógica dos compadrios e interesses instalados. Os eleitores têm consciência que, muitas vezes, elegem representantes a meio-tempo que quase nunca privilegiam o contato direto com o povo? O CDS do Estado útil, da igualdade entre eleitos e eleitores, devia dar o exemplo. Mas os casos dos parlamentares João Rebelo, Isabel Galriça Neto e Pedro Mota Soares - para falar só em alguns - atestam o contrário.

João Rebelo é atualmente consultor da Novabase e em simultâneo membro da delegação portuguesa à Assembleia Parlamentar da NATO, tendo já exercido funções como secretário coordenador da Comissão de Defesa Nacional. Ora a Novabase é um dos maiores fornecedores do Estado através de ajustes diretos: cerca de 1500 contratos, com valor superior a 134 milhões de euros, sendo o Ministério da Defesa Nacional e os três ramos das Forças Armadas das suas principais entidades adjudicantes.

Isabel Galriça Neto é diretora da Unidade de Cuidados Paliativos e Continuados do Hospital da Luz e membro da sua direção clínica ao mesmo tempo que integra a Comissão Parlamentar de Saúde. Ora este hospital conta com 18 unidades de cuidados de saúde, incluindo um estabelecimento hospitalar em regime de PPP.

Pedro Mota Soares é advogado da Nobre Guedes, Mota Soares & Associados, sociedade que foi contratada para assessoria jurídica por 98 mil euros, pelo presidente da Parque Expo, dirigente do CDS e nomeado para o cargo por Assunção Cristas.

É urgente dizer: basta! Precisamos de deputados a tempo inteiro, entregues totalmente ao compromisso que assumiram com os eleitores. Os cargos políticos devem ser exercidos com inteira responsabilidade e espírito de missão e não se podem compadecer com a promiscuidade dos `lobbies`. Se o ordenado de deputado é pouco comparativamente aos rendimentos das respetivas funções privadas, é preferível não se ser candidato e, sobretudo adquira-se, de uma vez por todas, o respeito pela proximidade da cidadania na decisão dos interesses comuns.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico              

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