Moreira acusa PSD de querer “tirar vantagem ilegítima” das impugnações contra si

Em conferência de imprensa, o candidato independente atira-se à direcção do PSD e insurge-se contra o “silêncio cúmplice” das restantes candidaturas à Câmara do Porto neste processo.

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Rui Moreira vai poder concorrer às eleições com a mesma designação, sigla e símbolo de há quatro anos mrh Martin Henrik

O candidato independente à Câmara do Porto, Rui Moreira, acusou esta sexta-feira a coligação PSD/PPM de “ter impedido” que a sua candidatura “se apresentasse de forma livre aos portuenses” e declarou que a decisão de impugnar as suas listas teve o “mandato expresso da direcção nacional do Partido Social Democrata”.

Um dia depois de o Tribunal Local Cível do Porto ter considerado improcedentes os pedidos de impugnação da coligação liderada por Álvaro Almeida, relativamente ao uso da palavra "partido" na denominação do movimento de Rui Moreira, o candidato lamentou que aqueles que tentaram pôr em causa a designação, a sigla e o símbolo da sua candidatura “não tenham aprendido nada” com o que se passou há quatro anos quando foi eleito presidente da Câmara do Porto.

“Há quatro anos (…) quando os portuenses se expressaram livremente nas urnas, exerceram um direito e um dever. O direito de escolherem de forma alternativa, fora do menu que habitualmente os partidos políticos lhes ofereciam. E o dever de defenderem a sua cidade de um sistema que lhes prometia o que não lhes podia dar”, afirmou, frisando que já então o seu movimento se chamava assim e assim foi às urnas. “Com as palavras ‘Rui Moreira’ ‘Porto’ e ‘Partido’ que agora, quatro anos depois, foram contestadas pelo PSD”.

Na conferência de imprensa, onde estava acompanhado de Miguel Pereira Leite, que lidera a lista à Assembleia Municipal do Porto, o candidato independente recordou o seu discurso de vitória. “Disse que se os partidos não entendessem o que se tinha passado no Porto, então não entenderiam nada”. E prosseguiu: “Quatro anos volvidos, comprovámos, nos últimos meses, mas sobretudo nas últimas semanas, que não entenderam nada. Não entenderam a liberdade. Não entenderam a democracia, Não entenderam o Porto”.

Apontando baterias à coligação PSD/PPM, Rui Moreira referiu que o objectivo das “diversas impugnações [nove no total” era impedi-lo de ir às urnas com a designação e nome pelo qual os portuenses o conhecem e com isso – sublinhou – “tirar uma vantagem ilegítima”.

“[Álvaro Almeida] Fê-lo recorrendo, nas suas extensas queixas assinadas pelo mandatário local da candidatura do PSD [António Tavares], mas com mandato da direcção nacional do PSD em Lisboa – repito – com mandato expresso da direcção nacional do PSD em Lisboa, que consta do processo, recorrendo a dois supostos pareceres da CNE”, atirou.

Rui Moreira deteve-se depois nos pareceres da Comissão Nacional de Eleições, considerando que “não passam de respostas de juristas da CNE a um cidadão que, diligentemente, dias antes, enviou dois emails para a CNE”.

“Quem foi o autor de tais questões? Pasme-se: o PSD oculta a sua identidade ao tribunal, reproduzindo os ditos emails – a que chama pareceres – apagando o nome e email do autor”, criticou, enfatizando que “toda a argumentação das queixas apresentadas (…) se baseia na suposição de que os eleitores do Porto não têm capacidade para discernir que a nossa candidatura não é a de um partido. E que não sabem que sou candidato à Câmara do Porto e não às assembleias de freguesia”.

E cavalga a onda. “Logo aqui poderíamos depreender que o PSD estava chamar ‘iletrados’ aos portuenses. Mas não precisamos de depreender. É que foi o próprio candidato que o disse de forma clara. Para citar apenas uma das suas declarações à comunicação social: aqui fica a expressão que está reproduzida, entre aspas, no jornal PÚBLICO: “Induz em erro o eleitorado, regra geral menos iletrado”.

Rui Moreira insurgiu-se depois contra o “silêncio cúmplice” de todas as outras candidaturas sobre esta questão. “Incapazes de uma declaração, ainda que institucional, defendendo o óbvio: que a candidatura do movimento que há quatro anos ganhou as eleições fosse a votos exactamente com o mesmo nome e sigla”, lamentou, observando que “não ter opinião é ter opinião. Neste caso, o silêncio foi, por isso, muito significativo”.

 Em declarações esta sexta-feira à Lusa, a coligação Porto Autêntico (PSD/PPM) à Câmara do Porto considerou a impugnação que apresentou contra o uso da palavra "partido" na denominação do movimento de Rui Moreira um "assunto encerrado e ultrapassado" .

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