As dúvidas sobre uma possível disputa eleitoral no PSD entre o actual presidente do partido e o líder da bancada foram dissipadas esta semana: Luís Montenegro assumiu que não será candidato contra Passos Coelho. E ao mesmo tempo desafiou outros (leia-se Rui Rio) a vir a jogo. Os mais próximos do líder da bancada acreditam que o reforço da lealdade de Montenegro ao líder do partido acabará por ser recompensado em futuras eleições internas.

Dias depois do muito notado almoço-conferência, que mobilizou os sociais-democratas, e em que Miguel Relvas apontou publicamente Montenegro como um dos “rostos do futuro” do PSD, o próprio líder da bancada parlamentar pôs fim à especulação sobre as suas intenções de disputar a liderança contra Passos Coelho. Assumiu ser contra a ideia de adoptar primárias — lançada por Miguel Relvas — e disse apoiar o actual líder com quem quer “construir um caminho de afirmação política do PSD, que tem como objectivo vencer as terceiras eleições legislativas consecutivas”.

Nesta quinta-feira, no programa da SIC Quadratura do Círculo, Luís Montenegro foi totalmente claro: “Não serei candidato seguramente contra Passos Coelho.” O líder recordou que já acompanha Passos Coelho há sete anos, em seis dos quais como líder da bancada, e disse ter uma “ligação de grande convicção” com aquilo que têm sido as propostas e “alinhamento político” do presidente do partido.

Ao mesmo tempo, deixou um recado ao antigo autarca do Porto: “Aqueles que no PSD, no próximo congresso, sentirem que têm condições para avançarem, que o façam; aliás, já tiveram ocasião e oportunidade nos últimos anos.” Rui Rio admitiu a possibilidade de vir a candidatar-se à liderança do PSD nas eleições internas que antecedem o próximo congresso de 2018 e que decorre após as eleições autárquicas deste ano e está, discretamente, a fazer o seu caminho.   

A hipótese do duelo Montenegro-Passos ainda não tinha sido descartada publicamente pelo próprio dirigente da bancada. É expectável que Passos Coelho volte a ser candidato em 2018, mas isso ainda não foi assumido pelo actual líder. Passos Coelho disse apenas que não se demite, caso o PSD venha a ter um mau resultado nas autárquicas. Muitos sociais-democratas acreditam que o próximo duelo pode ser Passos-Rio. Depois, resta saber se a próxima liderança será transitória — no cenário de que a legislatura dura até ao fim (2019) e se o momento de Montenegro ficará para outra oportunidade.