Para Marques Mendes, Governo “devia deixar Carlos Costa trabalhar”

O social-democrata considera que Carlos Costa devia tomar a iniciativa de ir ao Parlamento esclarecer as questões levantadas sobre os anos que antecederam a resolução do Banco Espírito Santo.

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Marques Mendes diz que Paulo Núncio prestou um mau serviço ao país JOãO HENRIQUES

Luís Marques Mendes defendeu este domingo o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, afirmando que o Governo “não o deve fragilizar caso não o queira substituir”. “Segundo diz a imprensa, há um braço de ferro entre Carlos Costa e Mário Centeno sobre a nomeação da nova Administração do Banco de Portugal, alegadamente com nomes vetados pelo Governo. É, na prática, um cerco a Carlos Costa”, referiu Marques Mendes, no seu comentário semanal na SIC.

“Se o governo quer demitir o governador do Banco de Portugal, que o faça, mas se acha que não pode, deixe-o ao menos trabalhar”, afirmou o social-democrata, considerando que o caso “justifica plenamente” uma intervenção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

No seu espaço de comentário, Marques Mendes afirmou que a imagem do Banco de Portugal sai maltratada na sequência das denúncias feitas por uma grande reportagem da SIC transmitida ao longo desta semana, que revelou que a instituição liderada por Carlos Costa recebeu, meses antes da queda do banco, um relatório detalhado do BPI sobre a situação financeira do BES.

Marques Mendes defende a actuação do governador do Banco de Portugal, afirmando que “Carlos Costa até pode ter agido de forma tardia, mas agiu”, mas considera que este devia tomar a iniciativa de ir ao Parlamento para esclarecer as questões levantadas sobre os anos que antecederam a resolução do Banco Espírito Santo. 

O comentador acrescenta, a propósito da reportagem, que “Ricardo Salgado é uma espécie génio do mal”. “Agora se percebe mais porque é que o BES nunca quis ajuda do dinheiro da troika, porque isso implicava a entrada de um administrador do Estado”, afirma.

Offshores

No que toca ao caso dos quase 10 mil milhões de euros transferidos para offshore entre 2011 e 2014 sem serem tratados pelo fisco, Marques Mendes diz que o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, "prestou um mau serviço ao país".

“Se Paulo Núncio fez aquilo sozinho, foi um duplo desastre: desastre para ele e desastre para o país”, acusa Marques Mendes, que considera que a antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, “está a passar um atestado de incompetência a si própria” se disser ao Parlamento que não sabia de nada.

"Fica muito a ideia de que o PSD e o CDS pactuam como as offshores e com quem quer fugir. Isto é um desprestígio das instituições e da classe política", afirma, considerando que a ideia de que "o Estado é forte com os fracos, e fraco com os fortes" alimenta o populismo.

Entre as outras questões que Marques Mendes considera por esclarecer está a tese de erro informático. “Como é que o sistema informático resultou bem nas declarações de 2009 que foram publicadas em 2010 e houve erro informático nos anos seguintes?”, perguntou o comentador.

O social-democrata sublinha o facto de a maioria das declarações de transferências que não foram analisadas pelo fisco terem sido feitas pelo BES, em 2014, precisamente no ano em que o banco foi à falência.

“Será que houve uma informação de que iria haver uma resolução e houve transferências para o estrangeiro? Alguém compactuou com isto?”, questionou Marques Mendes, ressaltando que a Inspecção-Geral das Finanças e o Ministério Público terão de esclarecer em breve o que aconteceu.

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