Marcelo no país dos 100 mil portugueses

Presidente começa esta terça-feira a uma visita de Estado ao Luxemburgo, onde as alterações ao ensino do Português aceites pelo primeiro-ministro em Abril são vistas como “um retrocesso”.

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Em Paris, Marcelo fez da sua visita uma festa Daniel Rocha
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Viagem ao Luxemburgo durará dois dias mais um (não oficial) Daniel Rocha

O país é pequeno, mas a comunidade portuguesa que lá vive é enorme. Quando o Presidente da República iniciar, esta terça-feira, a visita de Estado de dois dias ao Luxemburgo, aos quais junta mais um a título privado, vai ter dificuldade em dar um passo sem encontrar um português. São cerca de 100 mil imigrantes portugueses no país, que representam 16,4% da população – e estarão em todos os pontos da agenda, da Phillarmonie à Sociedade Europeia de Satélites, do Parlamento à cinquentenária procissão de Nossa Senhora de Fátima, em Wiltz. E nem tudo serão rosas para Marcelo Rebelo de Sousa.

Já fora da visita oficial, quando marcar presença no encerramento do encontro “Diálogos com a Comunidade” - que junta os secretários de Estado portugueses das Comunidades e dos Assuntos Europeus e dirigentes associativos portugueses no Luxemburgo – irá ser confrontado com os maiores problemas sentidos hoje pelos portugueses das diferentes gerações que ali vivem.

Um dos temas mais quentes é aquilo a que a comunidade chama de “retrocesso” no ensino do Português: o acordo assinado há pouco mês e meio pelo primeiro-ministro durante a sua visita ao país. “É um retrocesso, porque deixa às comissões escolares a total responsabilidade para escolher o modelo do ensino”,  afirmou o conselheiro das Comunidades pelo Luxemburgo, Custódio Portásio, à Lusa.

Uma consequência dessa decisão é, segundo explica, atirar o ensino do português para fora do horário escolar, no chamado “ensino complementar”. “Muitos vão ter de escolher entre ir para o desporto ou outra actividade ou para o português”, exemplificou Portásio citado pelo Contacto, o maior jornal português no Luxemburgo. Outro assunto em cima da mesa é a tributação das reformas dos emigrantes, um tema comum aos residentes em vários países europeus e ainda sem resposta.

Antes, porém, Marcelo Rebelo de Sousa tem um longo programa oficial que cumprirá no ambiente simpático que caracteriza os 125 anos de relações diplomáticas entre os dois países. A efeméride foi assinalada em Setembro de 2016 com a exposição “Drawing the world” que assinala os feitos de Portugal pelo mundo e que o Presidente irá visitar na quarta-feira.

A maioria dos encontros oficiais está reservada para terça-feira, quando será recebido pelos Grão-duques do Luxemburgo, Henrique e Maria Teresa, e  tem previstas audiências com o presidente da Câmara dos Deputados, Mars di Bartolomeo, com o primeiro-ministro, Xavier Bettel, e com o chefe da diplomacia luxemburguesa, Jean Asselborn.

O segundo dia da visita de Estado tem um cariz mais económico e cultural. Marcelo começa por visitar a Sociedade Europeia de Satélites, onde tem um encontro com os trabalhadores portugueses desta empresa líder mundial de satélites, e o Data Centre – European Reliance Centre Luxembourg East, e à tarde visita a Universidade do Luxemburgo, onde se encontra com estudantes e professores portugueses e onde será assinado um protocolo entre esta instituição e a Universidade do Porto.

Ao fim da tarde, no Museu Nacional da História e da Arte, visita as exposições “Drawing the world” e “Portraits sur Surveillance”, esta última do luso-descendente Marco Godinho, e segue para a catedral, onde está patente a exposição “Coração independente”, de Joana Vasconcelos. A fechar a agenda oficial está a Philharmonie, onde, acompanhado pelos grãos-duques, o Presidente assiste à projecção de uma curta-metragem sobre os portugueses no Luxemburgo e a um concerto de música barroca pela Orquestra Barroca da Casa da Música.

O terceiro dia da visita decorre já fora da agenda oficial, mas ainda  na companhia dos grãos-duques, que vão participar nas celebrações religiosas em honra de Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Wiltz. Este ano, a cerimónia é especial: no 50º aniversário da peregrinação que coincide com o centenário das “aparições” da Cova da Iria, vai contar com a presença da imagem da Nossa Senhora de Fátima peregrina, uma réplica da que se encontra no santuário de Fátima e que viajou esta segunda-feira para o Luxemburgo.

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