Manuel Monteiro participa na campanha do CDS em Lisboa

Ex-líder aceitou convite para fazer arruada em Alvalade, iniciativa marcada à margem de Assunção Cristas.

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Manuel Monteiro DRO DANIEL ROCHA

Depois de recentemente já ter estado em conferências e jantares promovidos por militantes do CDS, o ex-líder do partido Manuel Monteiro vai participar numa iniciativa de campanha em Lisboa no próximo dia 23. É a primeira vez que o ex-líder entra numa campanha eleitoral do CDS, depois de ter saído do partido.

Manuel Monteiro aceitou percorrer as ruas de Alvalade a convite do porta-voz da Tendência Esperança em Movimento (TEM), Abel Matos Santos, que é número dois da lista do CDS àquela freguesia de Lisboa. A participação na arruada foi marcada à margem da campanha da líder do CDS e candidata à Câmara de Lisboa.

Abel Matos Santos, que tem dado a cara por esta corrente interna do partido, justifica o convite ao ex-líder e antigo militante do CDS. “É um lisboeta que gosta muito de Lisboa, partilha dos nossos valores e revê-se na nossa campanha. Achamos que é uma mais-valia para a campanha”, afirmou ao PÚBLICO o porta-voz da TEM, que é também vice-presidente da concelhia do CDS-Lisboa. O cabeça-de-lista em Alvalade é Francisco Camacho, que lidera a Juventude Popular em Lisboa.

Desde há vários meses que Manuel Monteiro tem participado em várias iniciativas promovidas pela TEM, que já se formalizou dentro do CDS. Esse envolvimento tem gerado algum mal-estar dentro do partido. Manuel Monteiro, que foi líder entre 1992 e 1998, entrou em ruptura com Paulo Portas - que havia de lhe suceder - e acabou por se desfiliar do partido. Em 2003, fundou o partido Nova Democracia, mas viria a afastar-se dele em 2009. O partido foi extinto pelo Tribunal Constitucional no final de 2015, depois de não ter apresentado contas da sua actividade durante três anos.

Depois do seu reaparecimento em iniciativas da TEM, Manuel Monteiro veio garantir que não voltará a ser presidente do partido pela segunda vez, mas não excluiu a possibilidade de voltar ao CDS. “Se fizer alguma coisa será no CDS, se daqui a vários anos tiver ou não o impulso para participar na vida política”, afirmou o professor universitário à Antena 1, em Maio passado.

A ruptura com Paulo Portas nunca foi ultrapassada. Já Portas tinha deixado o CDS quando Manuel Monteiro criticou o partido e o seu ex-líder, a propósito da posição tomada sobre o MPLA em Angola: “É um testemunho de um partido que se rendeu e vendeu aos interesses pessoais e de negócios do dr. Paulo Portas”.  

A TEM já entregou 400 assinaturas para se formalizar como corrente interna (o mínimo eram 300) e espera agora que a proposta seja apreciada na próxima reunião da Comissão Política Nacional. Os promotores desta corrente interna – muitos dos quais pertenciam ao Movimento Alternativa e Responsabilidade, também interno do CDS – afirmam pretender sublinhar os valores democratas-cristãos do partido. Com posições conservadoras em questões como a adopção de crianças por casais homossexuais, a TEM tem defendido a necessidade de o partido manter vivo o debate ideológico e não se confinar ao pragmatismo.

Manuel Monteiro bem como o antigo secretário de Estado da Cultura (PSD) António Sousa Lara e o ex-deputado do CDS Nuno Correia da Silva são três dos convidados já confirmados na próxima conferência da TEM, prevista para o final de Outubro. A iniciativa será aproveitada para realizar a primeira reunião formal da corrente de opinião.

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