José Eduardo Martins critica o PSD que prefere "erguer muros" em vez de "construir pontes"

Candidato à Assembleia Municipal de Lisboa não resistiu a comentar novas declarações de André Ventura. O pretexto foi a inclusão do Parque das Nações no território de Loures

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José Eduardo Martins na apresentacao da candidatura de Teresa Leal Coelho, com Pedro Santana Lopes Miguel Manso

Podia ser uma crítica dirigida a todos aqueles que, no PSD, têm mostrado desconforto com a candidatura de Teresa Leal Coelho à Câmara de Lisboa. Mas não. José Eduardo Martins fala para dentro do próprio partido, mais concretamente para André Ventura, quando diz: “Preferimos construir pontes a erguer muros.” 

No sábado à tarde, após a apresentação do candidato do PSD à freguesia do Parque das Nações, António Romano de Castro, o PÚBLICO questionou o ex-deputado sobre a pretensão de André Ventura de incluir aquela zona de Lisboa no território de Loures. E José Eduardo Martins, número um na lista à Assembleia Municipal lisboeta, respondeu com a alegoria das pontes e dos muros.

“Ou Loures volta a ter o Parque das Nações ou recebe uma compensação financeira por ter perdido aquela zona. Caso contrário, e digo isto sem qualquer demagogia, o presidente da Câmara de Lisboa passa a ser persona non grata em Loures”, disse esta semana André Ventura, o candidato que o PSD apoia em Loures, concretizando: “Eu quero mesmo reconquistar o Parque das Nações e não é só a zona norte.”

Esta foi a gota de água que provocou a reacção de José Eduardo Martins, mas já antes o ex-secretário de Estado tinha criticado, em comentários no Facebook, a proposta de André Ventura de aplicar a pena de morte a condenados em caso de terrorismo. Já depois disso, Ventura acrescentou outra proposta polémica à sua lista: a castração química de pedófilos (na verdade, o candidato já tinha expressado a sua opinião sobre o assunto em 2016).

“Esta candidatura não promove discursos exaltados que apelem à divisão dos portugueses e que convoquem os piores instintos das pessoas. Esta candidatura tem uma abordagem construtiva que valoriza mais os valores da esperança e da mudança pela positiva e que se recusa à exploração fácil e óbvia do ressentimento. Preferimos construir pontes a erguer muros”, disse José Eduardo Martins, numa frase que é bem mais abrangente do que eventuais transferências de território.

Não ficou sem resposta: "O  José Eduardo Martins devia era estar preocupado com as sondagens do partido em Lisboa, ao invés de criticar a minha candidatura a Loures. As pessoas estão fartas das suas conversas de plástico. Este responsável partidário devia deixar-se de guerrilhas internas e concentrar-se no objectivo de vencermos as autárquicas neste ano particularmente difícil!", respondeu Ventura, numa nota enviada ao PÚBLICO.

A separação entre o PSD de André Ventura, em Loures, e o PSD de José Eduardo Martins, em Lisboa, é evidente, mesmo sem disputas territoriais. A primeira vez que o segundo se referiu ao primeiro foi para escrever que a pena de morte “é absolutamente excluída como possibilidade” pelo programa social-democrata. “Está na declaração de princípios que todos subscrevemos quando nos tornamos militantes”, lembrava no mural de Nuno Garoupa.

Notícia alterada: acrescentado o novo 6.º parágrafo, com a resposta de André Ventura a José Eduardo Martins.

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