Jerónimo de Sousa critica "resistência" do Governo à alteração de leis laborais

Líder do PCP diz que os programas de estabilidade e de reformas têm “aprofundado a crise do país” e insistiu nas temáticas das pensões e do combate à precariedade e à caducidade da contratação colectiva.

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LUSA/NUNO VEIGA

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou este sábado a "resistência" em alterar as leis laborais e afirmou que problemas económicos e sociais necessitam de uma política fora de constrangimentos externos. "Não se pode deixar de constatar a existência de contradições e limitações decorrentes das opções políticas do governo do PS", referiu o dirigente num almoço com militantes, notando haver uma “resistência” deste executivo a alterar normas das leis laborais para os funcionários públicos e trabalhadores do privado “impostas pelo anterior governo e lesivas dos direitos dos trabalhadores".

Entre os exemplos dados pelo líder comunista está a "não eliminação da caducidade na contratação colectiva", ao mesmo tempo que "se aceita como uma boa solução, por exemplo, a renovação de PPP na saúde ou a opção de entrega do Novo Banco ao grande capital" e as regras da União Europeia.

O dirigente referiu ainda que "graves" problemas económicos e sociais "exigem um outro patamar de resposta política, inviável no actual quadro de constrangimentos e condicionamentos externos", enumerando como problemas o desemprego, a precariedade, os baixos salários e reformas, assim como "os insuficientes níveis de crescimento económico e a injusta distribuição da riqueza".

"Problemas que não encontrarão resposta, antes se adiarão e retardarão na sua solução se as orientações e objectivos constantes no Programa de Estabilidade e no Programa Nacional de Reformas - esses instrumentos de ingerência e policiamento impostos pela União Europeia e pelo euro que o Governo minoritário do PS agora aprovou - se confirmarem como opções da política governativa dos próximos anos", disse.

Discursando no almoço comemorativo do 43.º aniversário do 25 de Abril, em São João da Talha (Loures), o líder comunista considerou que os programas "têm aprofundado a crise no país", além de condicionarem "gravemente a decisão soberana" de Portugal por imporem metas ao défice e à divida e assim "determinarem de antemão" políticas nacionais. "Com tais instrumentos o país não irá longe", resumiu.

O político reafirmou a necessidade de combater a precariedade e alterações às regras das reformas que "corresponda às justas expectativas dos trabalhadores". Manifestou ainda "séria preocupação" quanto à situação internacional, referindo a "instabilidade que tem vindo a ampliar-se" com a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Notando a "escalada militarista" dos norte-americanos, Jerónimo de Sousa referiu nomeadamente o bombardeamento da Síria, a 'super-bomba' no Afeganistão e o confronto com a Coreia para ilustrar o que apelidou de "deriva belicista".

"O PCP condena firmemente a política agressiva do imperialismo norte-americano e da NATO e a cumplicidade das grandes potências da União Europeia", referiu.

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