Governo atraiu 800 milhões de investimento e quer “nova escala na cooperação”

Augusto Santos Silva foi ao Parlamento fazer a regular prestação de contas à Comissão dos Negócios Estrangeiros. O ministro "tem um grande amor ao concreto", mas só falará da Índia quando houver resultados.

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Santos Silva acabou por ler lista das empresas que acompanharam o primeiro-ministro na visita à Índia Mário Cruz/Lusa

Era inevitável falar-se, e repetidamente, de Donald Trump, mas as novidades que o ministro Augusto Santos Silva deu esta sexta-feira aos deputados da Comissão dos Negócios Estrangeiros, na sua regular prestação de contas ao Parlamento, vieram da cooperação e do investimento estrangeiro.

Desde que tomou posse, o Governo conseguiu atrair 800 milhões de euros em investimento estrangeiro, dos quais 627 milhões correspondem a contratos feitos com apoio da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e, desses, 420 milhões são investimento directo, disse o ministro. “Isto é assinados, não é intenção”, sublinhou.

Com insistência, o deputado Filipe Lobo d’Ávila, do CDS, pediu “informação concreta” sobre os resultados da recente visita de Estado do primeiro-ministro António Costa à Índia, que empresas integraram a comitiva oficial e que investimentos são agora esperados.

O ministro brincou, dizendo que Lobo d'Ávila “não tem mais amor pelo concreto” do que ele próprio, mas sublinhou que não gosta de falar sobre o que está no “pipeline”. “Não quero ser mais um homem dos anúncios. De anúncios está o país cheio, o país precisa é de resultados.”

Santos Silva deu no entanto parte do que o deputado do CDS pedira: leu a longa lista das empresas que foram à Índia na íntegra, o que, parecendo caricato, era informação até àquele momento considerada sigilosa (o PÚBLICO pediu-a várias vezes, sem sucesso) e detalhou os memorandos de entendimento assinados na Índia, que atravessam as áreas da defesa, cultura, energias renováveis, tecnologia de informação e recursos marinhos, e incluem a criação de uma cátedra de estudos indianos na Universidade de Lisboa e um protocolo entre a Start up Portugal e a Start up India.

Apesar de tudo, o ministro dos Negócios Estrangeiros partilhou um dado sobre expectativas futuras. O Governo vai rever a política de cooperação estratégica e quer introduzir “uma nova escala na cooperação delegada”, a que é feita com países terceiros. Aí, em números concretos, o salto deverá ser de 32 milhões de euros (total libertado no ano passado) para 128 milhões em 2017. Dinheiro investido em projectos como o ensino técnico profissional e segurança alimentar em Angola, a governação económica em Timor-Leste e a segurança marítima em África, para além dos países que falam português.

Sobre Trump, nada de novo: “Portugal não tem nenhuma reserva em relação à nova administração dos EUA e terá a mesma relação que teve com a anterior administração. Os EUA são vizinhos de Portugal e são um aliado de Portugal, muito próximo e muito antigo.”

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