Gaspar diz que é preciso ter "cuidado na execução orçamental" com Grândola cantada na rua

O ministro classificou a sétima avaliação regular da troika, que começa na segunda-feira, como o "princípio do fim" do programa de ajuda externa. A Grândola foi cantada na rua.

Gaspar não ouviu os manifestantes que estiveram à porta do hotel
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Gaspar não ouviu os manifestantes que estiveram à porta do hotel Miguel Manso
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Do lado de fora, cantou-se Grândola, vila morena Miguel Manso

O ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, alertou esta quinta-feira à noite para a delicadeza da execução orçamental deste ano, tendo em conta a probabilidade de a previsão de recessão se agravar em 2013.

Gaspar fez a sua intervenção inicial nas segundas jornadas de consolidação crescimento e coesão, organizadas pelo PSD, em Lisboa. Manifestantes do movimento 15 de Outubro estiveram à porta do hotel onde a iniciativa foi organizada.

"Temos de ter particular cuidado com a execução orçamental este ano e vamos ter de executar medidas que guardámos como reserva para o caso de se verificarem dificuldades orçamentais", disse Vítor Gaspar, perante militantes e simpatizantes do PSD.

O ministro referia-se aos 800 milhões de euros de cortes na despesa do Estado que já na quarta-feira tinha admitido na comissão parlamentar como medidas contingentes que poderiam avançar já, para além dos 3,2 milhões de euros que é necessário reduzir. Segundo o ministro, essas medidas resultam de poupanças permanentes e de cortes associados à reforma do Estado.

Vítor Gaspar classificou a sétima avaliação regular da troika, que começa na segunda-feira, como um exame crucial e como o "princípio do fim" do programa de ajuda externa. "O aspecto mais inspirador é [que] passado o meio caminho do programa estamos em condições de perspectivar a vida pós-troika", disse, referindo-se ao período em que Portugal tem de "garantir condições de sustentabilidade" para evitar uma nova crise económico-financeira.

O governante chegou uma hora antes do início da conferência – prevista para as 21h00 – e esteve a jantar numa sala do hotel, acompanhado do primeiro vice-presidente do PSD, Moreira da Silva, e do presidente da distrital de Lisboa, Miguel Pinto Luz. Essa sala fica próxima do espaço onde decorre a conferência, pelo que nesse curto trajecto é pouco provável que tenha ouvido o Grândola, vila morena que se cantava do lado de fora.

Os cerca de 30 manifestantes mantiveram-se à porta do hotel a gritar “demissão”, “Está na hora de o Governo se ir embora” e “Gaspar sai da toca”.

Vários manifestantes garantiram ao PÚBLICO que foram informados de que era necessário convite para assistir ao evento, mas fonte do PSD contrapôs que o partido não impediu a entrada a ninguém, apenas informou os militantes da hora e local da iniciativa.

Os manifestantes que cantaram Grândola, vila morena durante a entrada de Vítor Gaspar esperaram que o ministro saísse para gritarem "Gaspar ladrão, o teu lugar é na prisão". A PSP impediu que o protesto se aproximasse do carro do ministro, que saiu apressado da garagem do hotel.

O protesto, que contou com a presença de membros da Plataforma 15 Outubro e do movimento Que Se Lixe a Troika e de alguns cidadãos, acabou por desmobilizar depois da saída do ministro das Finanças. Durante as jornadas, os cerca de 30 manifestantes permaneceram no passeio em frente à porta do hotel e entoaram alguns cânticos, que não se ouviam dentro da sala.
 

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