Funcionários públicos não avaliados vão ter solução para progressão na carreira

Os partidos concordaram em encontrar uma solução para os casos dos trabalhadores das autarquias que, por não terem sido avaliados, não podem progredir na carreira.

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Rita Rato apresentou o projecto de lei do PCP NFS - Nuno Ferreira Santos
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Sara Madruga da Costa apresentou o projecto do PSD gc Gregorio Cunha - colaborador

A solução pode não ser nenhuma das propostas pelo PSD e pelo PCP, mas todos os partidos concordaram esta quinta-feira na Assembleia da República que têm de resolver os problema dos funcionários públicos de autarquias que não foram avaliados durante o período em que as carreiras estavam congeladas e agora não reúnem as condições para progredir. “Estamos disponíveis para avaliar eventuais alternativas que protejam os trabalhadores prejudicados”, disse a deputada do PS, Wanda Guimarães, em resposta aos projectos apresentados pelo PSD e pelo PCP.

O primeiro partido a apresentar uma proposta foi o PSD. Para a deputada Sara Madruga da Costa, com esta proposta, “o PSD resolve um dos problemas que é a discriminação entre trabalhadores avaliados e não avaliados. É fundamental clarificar esta norma. Não podem ser prejudicados pela não implementação dos sistemas de avaliação. Esta é a ferramenta jurídica que faltava, para que as autarquias possam repor, com retroactivos, as verbas por não terem sido avaliados”, defendeu a social-democrata.

Em causa está o facto de, durante o período do programa de ajustamento da troika, em que a progressão nas carreiras dos funcionários públicos esteve congelada, várias foram as autarquias que decidiram suspender também a avaliação dos trabalhadores (através do SIADAP), essencial para a progressão, desde que esta fosse descongelada. Agora, os partidos consideram que há uma “discriminação” entre “trabalhadores avaliados e não avaliados”.

O PS admite essa alternativa, mas, de acordo com a intervenção da deputada socialista, não será através dos textos propostos por PSD e PCP, o que pode indicar que os projectos não serão votados e passem para a comissão da especialidade, para que todos os partidos possam apresentar propostas.

O PCP, que apresentou um projecto sobre o tema, recorda que alguns trabalhadores colocaram as autarquias em tribunal e que, por isso, não se deve perder mais tempo. “Importa corrigir esta injustiça e clarificar a lei. Urge resolver esta situação pondo fim às desigualdades destas situações”, até porque, lembrou a deputada comunista Rita Rato, a decisão de avaliar, ou não, foi gestionária (ou seja, dependente da decisão de gestão de cada autarquia) o que provocou injustiças entre trabalhadores com as mesmas funções.

O CDS e o BE estão de acordo quanto à urgência de se encontrar uma solução. Joana Mortágua, do BE, lembra que têm de ser as entidades patronais a resolver a injustiça, uma vez que o problema não foi “criado pela lei, mas pelos municípios que não avaliaram os seus trabalhadores”. “Esse direito [a serem avaliados] está a ser-lhes tirado na secretaria por um erro que não lhes pode ser imputado. Estamos disponíveis para corrigir esta injustiça”, defendeu.

O mesmo do lado do CDS. O deputado António Carlos Monteiro apoia uma solução, dizendo que “a avaliação é fundamental e sem a avaliação o sistema não funciona”. Como tal é preciso chegar a um consenso. António Carlos Monteiro lembra ainda que é preciso que esse debate não seja feito com intuitos “eleitoralistas”, em ano de autárquicas.

Os projectos devem ser debatidos na comissão parlamentar do Trabalho, o que significa que uma solução final ainda pode demorar algum tempo.

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