Ferro pede um PS longe dos extremismos de esquerda e de direita

Presidente da Assembleia da República diz que Europa pode aprender com o que se passa em Portugal, onde o PS não cedeu nem às políticas de austeridade, nem ao “frentismo programático geral”.

Foto
evr Enric Vives-Rubio

O Presidente da Assembleia da República foi às jornadas parlamentares do PS dizer que o resto da Europa tem uma lição a tirar do que se passa em Portugal, onde entre os partidos que apoiam o Governo “amigo não empata amigo”, onde o PS não cedeu a apoiar medidas de austeridade, nem cedeu a um “frentismo programático geral”, mas também onde o acordo como PCP e o BE mostra as suas virtualidades: “Cada um tem as suas identidades ideológicas e programáticas. Simplesmente, elas não são chamadas para aquilo que é o centro da governação orçamental do País. Isto tem permitido ao PS garantir estabilidade e resultados sem perder a identidade”, disse aos deputados socialistas.

Foi um discurso sobretudo ideológico, em que Ferro Rodrigues enalteceu os “sucessos” do PS e pediu ao partido que não ceda a nenhum dos caminhos que têm feito caminho na Europa. “Talvez o segredo do sucesso do PS esteja precisamente no facto de não ter ido por nenhum destes dois caminhos. Nem viabilizou um programa que lhe era estranho, nem aderiu a nenhum frentismo programático geral. E aquilo que ao início parecia a fragilidade do acordo de governo à esquerda revelou ser a sua maior virtude”, disse. Ou seja, “está no facto de o PS se ter mantido fiel à sua matriz de Partido Socialista democrático, europeu e reformista”. Mas também no que é a relação entre os quatro partidos que apoiam o Governo. “Ali amigo não empata amigo. Cada um tem as suas identidades ideológicas e programáticas. Simplesmente elas não são chamadas para aquilo que é o centro da governação orçamental do País. Isto tem permitido ao PS garantir estabilidade e resultados sem perder a identidade”, defendeu.

Nestas jornadas em Bragança, Ferro Rodrigues fez um discurso mais político e virado para o caminho que deve ser seguido na Europa. Defende o Presidente da AR que a Europa tem de mudar e que “a zona euro tem de garantir oportunidades para todos, e não apenas para a Alemanha”. E neste campo, Portugal já deu provas de que é o caminho que os europeus precisam. “Portugal está a cumprir com a União Europeia. É tempo de a União Europeia cumprir com Portugal”, defendeu, acrescentando que os portugueses não estão “isolados neste interesse nacional ou neste discurso europeu”. Sobretudo na altura em que acontece “depois do ‘Brexit’, depois das ameaças crescentes da extrema-direita”.

A lição para a Europa está a ser iniciada em Portugal, e pelas mãos do PS, defendeu. O homem que já foi líder dos socialistas, foi às jornadas parlamentares fazer um discurso para os socialistas, congratulando o partido e o Governo pelos “sucessos” na área económica, mas pedindo também que agora o executivo olhe para os mais pobres. Mas estes resultados, disse, só foram possíveis porque o PS se manteve fiel ao seu programa e, ao contrário do que aconteceu em outos países europeus onde há quem “seja penalizado por viabilizar governos e políticas de austeridade ou de direita, como na Grécia e na Holanda, mas também há quem perca apoio por se virar para nichos mais radicais como acontece no Reino Unido e como vimos em França”.

O discurso do Presidente da Assembleia da República começou com outro aviso aos socialistas, pedindo-lhes que não cedam a “ataques pessoais”. Ferro referia-se ao episódio que aconteceu esta quinta-feira quando o líder parlamentar do PS disse, referindo-se às jornadas em Bragança, que os socialistas preferiram ir para o interior quando “outros partidos” preferiram ir para “zonas turísticas”. Perante estas declarações de Carlos César, alguns deputados do PSD reagiram criticando esta actuação do também líder parlamentar do PS.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários