Ferro olha para a eleição Marcelo como “um tempo novo”

Presidente do Parlamento espera que em breve volte a haver um “clima político menos tenso e mais dialogante entre todos os principais órgãos de soberania”.

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Ferro Rodrigues é o actual líder parlamentar socialista Enric Vives-Rubio

Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, acredita que a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa para Presidente da República vai trazer “um novo tempo político”. Num registo de sereno, Ferro Rodrigues considera que “a forma como decorreu a campanha, as primeiras palavras e os primeiros gestos do Presidente eleito são um bom indicador de que voltaremos em breve a ter um clima político menos tenso e mais dialogante entre todos os principais órgãos de soberania", afirmou Eduardo Ferro Rodrigues.

Em Vila Real, onde jantou com cerca de 600 pessoas, O presidente do Parlamento não deixou de sublinhar que "o sucesso das novas formas políticas está indissociável do sucesso da execução orçamental", uma questão que um pouco mais tarde o líder da bancada parlamentar, Carlos César voltaria a destacar.

E o “tempo novo” de que Ferro se referia tem a ver com a inclusão de BE, PCP e PEV no suporte ao Governo. Isto serviu de pretexto para afirmar que o que vê "na nova dialéctica parlamentar não é apenas um confronto de esquerda versus direita - essa combinação prevalecerá na proposta de Orçamento do Estado, mas há várias combinações possíveis". 

"Vimos isso já no Orçamento rectificativo apresentado após a venda e resolução do Banif e vamos ver isso certamente em matérias de política externa, soberania, segurança e defesa ou outras. Estou, aliás, convencido que as mudanças de liderança e as mudanças de posicionamento ideológico anunciadas do lado direito do hemiciclo são o prenúncio que vem aí um novo tempo político e que veio para ficar", referiu.

Ferro Rodrigues disse depois que "a exigência da execução orçamental é um desafio que cabe ao Governo, mas a Assembleia da República tem o dever não só de aprovar o exercício orçamental como de acompanhar técnica e politicamente a sua execução". E acrescentou:” O sucesso das novas formas políticas está indissociável do sucesso da execução orçamental".

Num tom bem mais cáustico falou o Carlos César que não dá tréguas ao PSD, acusando-o de usar uma “linguagem raivosa” face ao Governo à fúria de perceberem que não voltam tão depressa ao poder se PS conseguir simultaneamente apoiar as famílias e gerir as contas públicas. 

"A forma desbragada como o PSD fala do PS, do Governo, do nosso primeiro-ministro e dos nossos deputados é mesmo uma linguagem inusitada, uma linguagem raivosa. É preciso que se saiba que essa fúria tem razão de ser. O PSD compreendeu que se nós tivermos sucesso no apoio às famílias, no apoio aos portugueses e simultaneamente na boa gestão das nossas contas públicas nem tão cedo o PSD voltará ao Governo em Portugal", disse o ex-presidente do Governo regional dos Açores.

O líder da bancada parlamentar falou do Orçamento do Estado (OE) e defendeu uma boa gestão das contas públicas.
 Destacou a decisão do Conselho Europa que salvaguardou a presença do Reino Unido na União Europeia e aproveitou para dizer que é “preciso voltar aos fundamentos da União Europeia, aos fundamentos de solidariedade, de equidade, de equilíbrio para que a União Europeia também ela não seja como Portugal tem sido nos últimos quatro anos, um Portugal para uns e um Portugal menos para outro”

“É esse o objectivo da proposta de orientação orçamental que temos presente na Assembleia da República e que será aprovada na próxima terça-feira graças a um trabalho conjunto que temos feito envolvendo os parceiros sociais, envolvendo especialistas e representantes das mais diversas instituições”, explicou,

E a propósito do OE, Carlos César elogiou os parceiros - partidários do Governo - Bloco, PCP e PEV – afirmando que “têm tido uma actuação que tem privilegiado em primeiro lugar os interesses de Portugal”. “Foi justamente por Portugal, por este Portugal também de Vila Real que infelizmente o nosso camarada e secretário-geral e primeiro-ministro não pode estar agora connosco”, disse. 

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